Caeiro-ângulos-Homero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Marcelo Alves da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6274
Resumo: Esta dissertação está disposta a fazer a leitura da epopeia a Odisseia, de Homero, a partir de O Guardador de Rebanhos (1914), conjunto de poemas-Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Cremos que está localizado, no poema homérico, o fenômeno da secularização do saber poético e sua correspondente e consequente cisão com o saber especulativo. Os fenômenos são ilustrados nos episódios da Odisseia. A partir da afirmação do heterônimo Ricardo Reis de que Alberto Caeiro é mais grego do que os próprios gregos , haveria, pois, no conjunto de poemas caeiriano, a disposição poética em engendrar a indistinção entre saber artístico e saber racional-especulativo por meio de soluções fornecidas no ambiente plástico. Desta forma, acreditando que ambas as obras aqui mencionadas são seguimentos de uma discussão dos problemas artísticos sobre o relacionamento entre arte e conhecimento, efetuamos dobras de leituras, que chamamos de angulações ora aproximativas (agudas), ora distanciadas (obtusas). Nosso método de leitura intui que, de alguma maneira, O Guardador de Rebanhos, ao travar, por meio do próprio mistério que a linguagem vela, uma luta com sua eventual positividade, restitui-lhe formas de conhecimento no âmbito poético e enseja, pois, uma perpendicularidade cujo corolário é a reparação dos traçados homéricos. Para assegurar nossa hipótese e respeitar as metodologias emergentes das próprias obras literárias, damos atenção ao que nos diz Fernando Pessoa em suas Ideias Estéticas e, sobretudo, às reflexões de Theodor Adorno, de Walter Benjamin e de Jean-Luc Nancy quanto ao enfrentamento da obra de arte como lugar de pensamento que se coloca como poético/poetizado, em intencional combate com a cristalização sistemática da metafísica; às de Phillipe Lacoue-Labarthe, com a proposição de que este lugar, pensado pelos protagonistas da teoria crítica, fora indicado pelos gregos, imaginado pelos teóricos românticos alemães e realizado pela produção artística do início da modernidade; e, por fim, às de outros críticos de arte a fim de compreender o trânsito de tais saberes ao estatuto poético e ao estatuto plástico.