Do signo, do olhar e do funcionamento da linguagem poética de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Pedro dos
Orientador(a): Tutikian, Jane Fraga
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/96185
Resumo: Este trabalho aborda a linguagem poética de Alberto Caeiro, poeta fictício criado por Fernando Pessoa, cuja obra está reunida nos títulos O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos, a partir da ideia de que seu olhar para o real se constitui num processo de indagação sobre os limites do conhecimento e da constituição da experiência humana da realidade, sobre o signo, sobre a natureza da linguagem poética e da linguagem em geral. Para esta reflexão, uso a Semiótica de Peirce, a Lingüística de Saussure, a teoria da linguagem de Benveniste, a poética das sensações de Fernando Pessoa, trabalhos de Perrone- Moisés, além de outros autores, como Seabra, Dessons e Meschonnic. A poesia de Caeiro é interpretada como um embate com os limites impostos pela mediação sígnica, embate que é ao mesmo tempo metáfora dessa poesia e é metaforizada por ela. Consciente da não transparência da linguagem como retrato do real e do pensamento, Caeiro faz dessa condição assunto e instrumento de seu discurso. Nesse processo, a língua é repensada e refundida em seus fundamentos, indo aos limites de sua capacidade de significação e aos limites entre o que é e o que não é poesia e entre o que é e o que não é língua. A noção de arbitrário do signo linguístico e a dicotomia língua e fala são repensadas, com base na ideia de limitação do arbitrário de Saussure e nas ideias de enunciação e discurso de Benveniste. A poesia de Caeiro é tomada no campo da linguagem, e apresentada como resultado de uma operação de homologia entre língua e outros sistemas, tornando-se assim capaz de evocar seu objeto. O discurso poético é interpretado ainda como um dizer que é fazer, mas não é tão particular a ponto de ser um semântico sem semiótico, pois é arte que se faz na língua, no que difere das artes não verbais. A linguagem poética tem a capacidade de acentuar os traços da linguagem em geral, sendo útil para a compreensão do fenômeno linguístico. Caeiro não é um poeta só de sensações, pois a intelectualização faz parte de sua criação e de sua poesia. Não é também o poeta das coisas: o real não é o objeto dessa poesia; é antes meio para veicular a emoção poética que se constrói, além disso, em seu próprio dizer. Coerente com um sujeito feito de aspectos, que tenta conciliar em si a unidade e a multiplicidade do real, a linguagem de Caeiro é constituída de tensões internas. Discursivo e poético integram o seu dizer. O embate de Caeiro é uma busca, mas ele não encontra a solução. Ele é um intervalo de encantamento.