Modos de comer: práticas alimentares de trabalhadores de uma empresa prestadora de serviços de alimentação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Nunes, Nathália César
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/7239
Resumo: Os atuais debates sobre alimentação e saúde situam o espaço como importante fator de escolhas saudáveis. Poucos são os estudos que fazem uma análise das relações sociais nas práticas alimentares de um grupo social de baixa renda em determinado contexto social. Assim, nosso objetivo é analisar as práticas alimentares de um grupo de trabalhadores em seu espaço de trabalho. O cenário da pesquisa foi um equipamento público que se destina a ofertar alimentação adequada a preços acessíveis à população da cidade do Rio de Janeiro, o Restaurante Cidadão. Utilizamos os critérios metodológicos da pesquisa qualitativa e privilegiamos para o trabalho de campo a entrevista semi-estruturada. O material empírico foi tratado através da Análise do Discurso e o referencial teórico compreendeu as discussões de Pierre Bourdieu acerca do conceito de habitus e a discussão acumulada da sociologia e antropologia acerca das práticas alimentares. Foram entrevistados 10 funcionários, de ambos os sexos, da empresa que faz a gestão do processo produtivo das refeições do restaurante. No local de trabalho são realizadas três refeições diárias: o café da manhã, às 7h, o primeiro almoço entre 9h e 10h e o segundo almoço após o fechamento do restaurante, às 15h. As escolhas alimentares são realizadas a partir de um cardápio pré-definido planejado pelo nutricionista do restaurante, podendo o funcionário se servir à vontade das preparações, com exceção do segundo almoço, pois neste momento, é possível comer apenas o que sobrou depois do fechamento do restaurante ao público. Os funcionários consomem frutas, legumes e verduras diariamente disponíveis no restaurante; contudo essa prática não se repete em casa porque não são muito chegados ou são alimentos que estragam rapidamente ou, ainda, há o trabalho de lavá-los e cortá-los. Observa-se a reprodução de uma normatividade discursiva da Nutrição ao associar o consumo destes alimentos a ideia de alimentação saudável. O prazer e a sociabilidade através da alimentação foram observados quando os funcionários se cotizam para a compra de gêneros alimentícios para preparação de uma comida diferente do que é normalmente feito no restaurante como, caldo verde, macarronada e costelinha o pratão . Diante do exposto, somos levados a acreditar que se por um lado, a alimentação neste espaço de trabalho é orientada por referenciais nutricionais, por outro, ao considerar a alimentação humana vinculada às experiências pessoais e exigências tradicionais é plausível pensar que a cultura influencia diretamente a escolha dos alimentos. Observamos também o trabalho e suas condições influenciando na relação entre o homem e sua alimentação através da desestruturação referente ao horário e ao tipo de comida. Estas práticas revelam modos de comer influenciados por diversos fatores que se relacionam e confluem para a escolha de uma alimentação partilhada através do almoço comunitário para consumir o pratão