O Guia alimentar para a população brasileira na realidade de Unidades de Alimentação e Nutrição: interface com atribuições legais e sentidos atribuídos por nutricionistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira Junior, Gilson Irineu de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17329
Resumo: O atual cenário alimentar brasileiro é marcado pela redução do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Uma das respostas a este cenário foi a publicação da segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) na perspectiva de que fosse um documento indutor de políticas públicas de alimentação e nutrição. O objetivo desta tese foi compreender e analisar as interfaces entre os princípios e recomendações do GAPB e a prática de nutricionistas na área de Alimentação Coletiva. Este estudo foi estruturado em dois eixos: um teórico-conceitual, que consistiu na elaboração de uma matriz de interface GAPB – Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) (MIGU) e outro empírico, de natureza qualitativa. A MIGU buscou sistematizar o diálogo entre os princípios e recomendações do GAPB e as atividades de nutrição desenvolvidas em UAN por nutricionistas (previstas em Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas), categorizadas em dimensões da gestão na UAN, sendo elaborada por meio da análise dos documentos referência. No eixo empírico, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 19 nutricionistas atuantes em UAN institucional no município de Macaé/RJ, que exerciam as funções de fiscal de contrato ou de gestor e/ou de planejamento de atividades e/ou de monitoramento das atividades vinculadas à gestão de UAN. A técnica de análise de conteúdo foi a utilizada. Para a interpretação dos achados, o Interacionismo Simbólico foi adotado como referencial teórico conceitual, juntamente com conceitos relevantes à compreensão do objeto, incluindo: produção de sentidos, autonomia profissional, agência humana e autoridade cognitiva. Como resultado, buscou-se compreender os sentidos atribuídos pelos participantes do estudo aos elementos constitutivos do GAPB, bem como sua percepção sobre a materialização dos princípios e recomendações deste documento na execução de suas atribuições técnicas. Da análise das entrevistas emergiram os temas ‘autonomia’, ‘concepção de alimentação e nutrição’, ‘alimentação saudável’, ‘educação alimentar e nutricional’, ‘cardápio’, ‘alimentos segundo a extensão e o propósito de seu processamento’, ‘comensalidade’, ‘sustentabilidade’ e ‘Guia alimentar para a população brasileira’, sobre os quais foram manifestos diversos sentidos. De forma geral, os nutricionistas se mostraram sensíveis aos princípios e recomendações do GAPB, estão de acordo com eles e buscam colocar em prática ações que os materializem, mesmo não estando conscientes de que eles compõem o documento, muitas das vezes. No entanto, aspectos relativos à sua autonomia e agência foram identificados como barreiras, juntamente com questões envolvendo contratos, custos, compras e fornecedores, entre outros. Estes pontos são estruturais à gestão e, por isso, os resultados do estudo apontam para a necessidade de uma reflexão sobre a relevância de se vivenciar a proposta do GAPB na realidade de cada UAN para que o nutricionista possa inseri-la de fato em suas atribuições. Dessa forma, a interface teórica estabelecida na MIGU, bem como as práticas relatadas pelos nutricionistas em conjunto com os sentidos atribuídos por eles aos princípios e recomendações do GAPB evidenciam a potência das atividades de gestão em UAN em materializar o GAPB, configurando em oportunidade diária de promoção da alimentação saudável para coletividades.