Ameaça ou ameaçada? A relação entre onças (Panthera onca e Puma concolor) e moradores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã na Amazônia
Ano de defesa: | 2015 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14325 |
Resumo: | As onças podem ser ao mesmo tempo ameaça e ameaçadas? As controvérsias entre a Amazônia rural e o conservacionismo podem habitar um mundo comum? Como um exercício de reflexão sobre essas questões, esta tese apresenta uma caracterização da relação entre ribeirinhos e onças nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, promove uma discussão sobre como a legislação, gestores, cientistas e conservacionistas mediam essa relação, e sobre como tratar simetricamente o conflito de interesses entre os atores humanos envolvidos. Para usar a relação entre onças e ribeirinhos residentes nas RDS Mamirauá e Amanã como caso de estudo, foi feita uma caracterização dessa relação, sob uma perspectiva local, com base em questionários, reuniões e conversas informais sobre o tema, com o objetivo de apresentar a relação com as onças a partir dos relatos dos moradores. Análises quantitativas e qualitativas dessa relação e a percepção dos moradores sobre as onças foram apresentadas, e revelaram os danos causados pelos ataques a criações domésticas, os danos causados pelo medo de um ataque e o número de onças abatidas em decorrência disso. A legislação ambiental e as políticas públicas foram discutidas com foco no artigo 37 da Lei de Crimes Ambientais, que trata das exceções para a proibição de abates de animais silvestres. Usando como método a Teoria Ator-Rede, a rede sociotécnica da relação entre ribeirinhos e onças nas RDS Mamirauá e Amanã foi apresentada usando imagens como fio condutor das conexões estabelecidas entre os atores. A rede sociotécnica da relação foi traçada procurando seguir alguns preceitos básicos do método, como adotar a política como parte do fazer científico, abandonar a divisão modernista entre natureza e cultura e assumir a multiplicidade ontológica. Considerando que o embate entre modos tradicionais de lidar com os problemas advindos da convivência com onças e o empenho em conservar esses animais está se dando em uma arena onde o diálogo é falho, ao assumir a Teoria Ator-Rede como método para analisar essa relação, espera-se dar um passo para a composição de um mundo comum que considere de forma simétrica os humanos e não-humanos que compõem a rede. Para tanto, as controvérsias entre conhecimento tradicional e científico acerca da relação entre ribeirinhos e onças foram apresentadas e discutidas. Quantas onças existem, qual a agência delas e o que provoca nos demais actantes? O que a ciência mede e quantifica a respeito das onças tem sempre correspondência com o que é posto em movimento em termos de política para a conservação? O objetivo foi por em evidência as controvérsias identificadas nas relações entre o mundo rural e o conservacionismo, destacando possibilidades e limites da Teoria Ator-Rede tanto para a compreensão da construção do conhecimento científico como para a política na relação entre onças e populações tradicionais e seus desdobramentos. Como considerações finais foram feitas ponderações sobre o que fazer e o que não fazer para mediar o conflito, não com o objetivo de apontar soluções técnicas definitivas, mas sim caminhos de escuta e diálogo simétrico, que tratem de forma justa e democrática o conflito com a fauna |