Dieta e Relação de Abundância de Panthera Onca e Puma Concolor Com suas Espécies-Presa na Amazônia Central
Ano de defesa: | 2010 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11983 http://lattes.cnpq.br/2920324445546695 |
Resumo: | A onça-pintada, Panthera onca, e a onça-parda, Puma concolor, ocorrem em simpatria na maior parte das florestas tropicais e sub-tropicais da América e frequentemente têm sido classificadas como predadores oportunistas. No entanto, pouco se sabe sobre a dieta desses predadores na região amazônica e sobre as relações entre a abundância das onças e a abundância de suas espécies-presa. Neste trabalho, nós acessamos a dieta de onça-pintada e de onça-parda por meio de amostras fecais. Estimamos a abundância relativa de espécies-presa diurnas por meio de observação direta em transectos diurnos e de espécies-presa noturnas e das duas espécies de onça por meio de armadilhas de pegadas em quatro áreas com fitiofisonomias distintas na Amazônia Central-Setentrional. A identidade dos predadores foi determinada por meio de análise molecular das amostras fecais, e a identificação das espéciespresa foi feita por meio de identificação dos pêlos presentes nas amostras. A sobreposição da dieta de onça-pintada e onça-parda foi alta em termos da biomassa de diferentes tipos de presas capturadas. A onça-parda capturou mamíferos de pequeno porte (<10 kg) com maior frequência que mamíferos de médio e grande portes em todos os locais. A onça-pintada também capturou com maior frequência mamíferos de pequeno porte na Reserva Ducke, mas os mamíferos de grande porte (>30 kg) contribuíram mais para a biomassa de presas capturadas nos demais locais, que foram analisados de maneira conjunta. Mamíferos arborícolas, principalmente representados pela preguiça-real, ocorreram em alta frequência na dieta de onça-parda na Reserva Ducke e em frequência moderada na dieta de onça-pintada neste local. Os índices de abundância de onça-pintada e onça-parda tenderam a correlacionarse com os índices de abundância de mamíferos terrestres de médio porte (10-30 kg) nas quatro áreas amostradas, mas não com os índices de abundância de mamíferos de pequeno e grande porte. A relação observada com presas de médio porte sugere que os ítens mais importantes na dieta de onça-pintada e onça-parda na região central-setentrional da Amazônia são os mamíferos de médio porte (10-30 kg). Nossos dados de dieta não dão suporte a uma presença significativa de presas de médio porte na dieta das duas onças. Há que considerar, no entanto, que o número de amostras fecais foi pequeno para Viruá, Uatumã e Maracá. Na reserva Ducke, a baixa abundância de espécies-presa de médio porte em função da pressão de caça clandestina pode ser a causa da alta frequência de mamíferos de pequeno porte na dieta dos dois predadores. Uma revisão de estudos de dieta de P. onca e P. concolor em regiões de floresta tropical indicou que em áreas onde não ocorre o veado de cauda branca, Odocoileus virginianus (uma espécie-presa de grande porte), os mamíferos de tamanho médio são os mais frequentes na dieta de ambas as onças. Nas áreas onde O. virginianus ocorre, ele é a presa principal na dieta das duas onças, resultando em uma predominância de mamíferos de grande porte (>30 kg). Possivelmente, as duas onças consomem prioritariamente mamíferos de grande porte onde estes ocorrem em abundância, são fáceis de capturar e não oferecem grandes riscos ao predador, mas em áreas onde este grupo de presas são mais escassos ou perigosos, o grupo de espécie-presa principal passa a ser os mamíferos de médio porte. Quando as presas de grande e médio porte estão menos disponíveis, as onças passam a utilizar os mamíferos de pequeno porte com maior frequência, podendo, inclusive, alimentar-se predominantemente de mamíferos arborícolas, como ocorreu na reserva Ducke. Nossos resultados reforçam as evidências do caráter oportunista do comportamento alimentar de P. onca e P. concolor. |