Zika vírus e gravidez: associação entre a infecção aguda na gravidez e a microcefalia do recém-nascido no estado do Rio de Janeiro
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8662 |
Resumo: | A recente epidemia da infecção por Zika vírus nas Américas do Sul e Central é uma das mais graves emergências em saúde pública mundial desde o surto de Ebola no oeste Africano. No Brasil, especialmente nas regiões norte, nordeste e sudeste, o surto de Zika vírus trouxe muita preocupação para gestantes e médicos, devido ao fato da infecção intrauterina ter sido associada à malformação fetal e microcefalia. O objetivo geral deste trabalho foi estudar a associação da microcefalia com a infecção aguda por Zika vírus em gestantes sintomáticas com confirmação laboratorial. Os objetivos específicos consistiram em: calcular a frequência de microcefalia correlacionada ao trimestre da gestação em que ocorreu a infecção aguda, comparar os desfechos perinatais e traçar o perfil sociodemográfico das mulheres infectadas por Zika vírus na gravidez que tiveram recém-nascidos (RN) com e sem microcefalia. O estudo foi observacional com desenho do tipo corte transversal. Foram estudadas 1.609 gestantes que apresentaram sintomas clínicos de infeção aguda por Zika vírus durante a gravidez, com diagnóstico laboratorial confirmado através do exame de RT-PCR, em amostras de sangue e/ou urina, coletados nos anos de 2015 e 2016 e registradas na base do sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) do estado do Rio de Janeiro. O desfecho gestacional foi avaliado através de dados coletados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP). A modelagem estatística considerou para análise descritiva das variáveis: o cálculo de estatísticas univariadas e medidas de associação bivariadas (Odds ratio). Realizou-se o cálculo de proporções relativas das variáveis categóricas em relação a dois grupos distintos: com e sem microcefalia; e intervalos de confiança para as proporções relativas com nível de confiança de 95%. Utilizou-se teste de hipótese para comparar proporções, considerando nível de significância de 5%. A modelagem multivariada considerou a regressão logística para variável desfecho dicotômica e regressão múltipla para variável desfecho contínua. O programa estatístico utilizado foi o R versão 3.4.0 e Rstudio versão 1.0.143. Das 1.609 gestantes estudadas, 316 (19,6%) encontravam-se no primeiro trimestre da gravidez, 723 (44,9%) no segundo trimestre e 570 (35,5%) no terceiro trimestre. A média de idade foi de 26,5 anos (± 6,9 anos). Quanto à raça/cor encontrou-se: 55% não brancas e 45% brancas. Na distribuição espacial das gestantes infectadas, por região do estado: 87% ocorreu na Região Metropolitana. Dentre as 1.609 gestações avaliadas, 25 recém-nascidos apresentaram microcefalia. Das características pesquisadas relacionadas com a ocorrência de microcefalia, as variáveis Idade gestacional no momento da infecção e peso ao nascer foram estatisticamente significativas. Dos 25 casos de microcefalia estudados, 19 (76%) foram associados à infecção contraída no primeiro trimestre da gestação (p<0,001; OR=13,7 IC95% (5,6-37,7)) e 48% dos RN com microcefalia presentaram peso ao nascer <2.500g (p<0,001; OR=11,7 IC95% (5,2-26,2)). Na regressão logística, unicamente, o peso do RN <2.500 g (OR=12,54) e idade gestacional no 1º trimestre (OR=14,05) apresentaram associação com a ocorrência de microcefalia. Esses resultados poderão ser utilizados na orientação de profissionais de saúde na tomada de condutas, assim como no aconselhamento de gestantes que vivem em áreas epidêmicas. |