Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Carvalho, Liège Maria Abreu de |
Orientador(a): |
Brasil, Patrícia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53314
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Resumo: |
Zika é uma doença viral emergente, recentemente identificada, que tem como agente etiológico o Zika vírus (ZIKV), um arbovírus, da família Flaviviridae transmitido principalmente pela picada do mosquito do gênero Aedes (A. aegypti) hematófago infectado. Chegou às Américas recentemente (2013-2014) e apesar da maioria das pessoas apresentar infecções com sinais e sintomas leves, a partir de 2015 foi observado um aumento importante da incidência de microcefalia,20 vezes a mais que nos anos anteriores em bebês no Brasil, associada à infecção pelo ZIKV durante a gestação.1 Embora a associação entre a infecção pelo ZIKV e a microcefalia já esteja confirmada, pouco ainda se conhece sobre a evolução dos bebês expostos “in útero” e seus outros possíveis desfechos e consequências relacionados ao Sistema Nervoso Central (SNC). Entre 2015-2016 iniciamos um estudo de coorte prospectivo para o acompanhamento de bebês expostos ao ZIKV durante a gestação, por uma equipe multidisciplinar (pediatras infectologistas, neuropediatras, fisioterapeutas, psicólogos, oftalmologistas e otorrinolaringologistas). Duzentos e dezesseis crianças foram acompanhadas durante os dois primeiros anos de vida em consultas de puericultura e especialidades no Instituto Fernandes Figueira e no Instituto Nacional de Infectologia, pelo Laboratório de Doenças Febris Agudas para avaliação do neurodesenvolvimento, alterações morfológicas e alterações relacionadas ao SNC. Foram realizados exames de neuroimagem como ultrassom transfontanela (USTF), tomografia computadorizada de crânio (TCC) e Ressonância Magnética Cerebral (RNMC) e avaliações neurosensoriais como fundoscopia, Potencial Evocado Auditivo (BERA: brain-stem evoked response), sempre que devidamente autorizado pelos responsáveis. Este foi o primeiro estudo de coorte com seguimento de 216 bebês com exposição confirmada ao ZIKV (pela reação em cadeia de polimerase em tempo real (RTqPCR)); do nascimento aos três anos de vida, para avaliação do neurodesenvolvimento e pesquisa de outros sinais e sintomas relacionados à exposição ao ZIKV intra-útero e suas consequências ao longo de setembro de 2015 a junho de 2016. A microcefalia foi identificada em 3,7%, déficits visuais ocorreram em 7% dos lactentes, déficits auditivos em 12% e retardo no neurodesenvolvimento em 28,7% dos lactentes acompanhados. Na ausência de alterações estruturais do SNC o exame de imagem foi pouco útil como preditor de retardo no neurodesenvolvimento. Observamos que a microcefalia era o desfecho mais grave e que crianças sem alterações (sem microcefalia por exemplo) ao nascimento, podem apresentar atraso no neurodesenvolvimento e outros espectros de fenotípicos. Concluímos que todas as crianças expostas ao ZIKV no útero devem ser seguidas até idade escolar para detecção de déficits neurocognitivos, independentemente da presença de alterações congênitas. Quanto mais cedo a identificação das alterações no neurodesenvolvimento e em outros sistemas orgânicos destas crianças, mais precocemente poderemos intervir com estímulos precoces com um programa de acompanhamento e intervenção clínico-terapêutica multiprofissional, buscando o melhor desenvolvimento possível, por meio da mitigação de sequelas do desenvolvimento neuropsicomotor, bem como de efeitos na aquisição da linguagem, na socialização e na estruturação subjetiva, podendo contribuir, inclusive, na estruturação do vínculo mãe/bebê e na compreensão e no acolhimento familiar dessas crianças. e assim melhorar suas habilidades cognitivas, sociais, comportamentais e sua qualidade de vida |