Efeitos da perda ponderal sobre função vascular, sistema nervoso autonômico e biomarcadores metabólicos em obesos com saúde cardiovascular moderada e baixa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cunha, Michelle Rabello da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22613
Resumo: Segundo a American Heart Association, a maioria dos eventos cardiovasculares pode ser evitada através da adesão de oito comportamentos (tabagismo, atividade física, dieta e saúde do sono) e fatores de saúde (Índice de Massa Corporal (IMC), colesterol não-HDL, pressão arterial e hemoglobina glicada), refletindo a classificação de saúde cardiovascular (SCV) em alta, moderada e baixa. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da perda ponderal na função vascular, tônus simpático, biomarcadores metabólicos e inflamatórios em obesos com SCV moderada e baixa. Foi realizado um estudo prospectivo de intervenção, sendo selecionados pacientes de ambos os sexos, com idade entre 40 e 70 anos, IMC ≥30 e <40kg/m², instruídos a seguir uma dieta hipocalórica (redução de 800kcal/dia) por 16 semanas. Nos períodos basal, após oito e 16 semanas de intervenção nutricional os pacientes foram submetidos à avaliação da hemodinâmica central e rigidez arterial por oscilometria (Mobil-O-Graph®), sistema autonômico pela variabilidade da frequência cardíaca (Polar® RS800), e reatividade microvascular por meio do sistema de laser com contraste de imagem (Pericam®). O estudo do sono foi realizado nos períodos basal e após 16 semanas de intervenção com um dispositivo domiciliar (Watch-PAT 200®), assim como a dilatação mediada por fluxo (DMF) na arterial braquial. A espessura média-intimal foi avaliada apenas no período basal a partir da ultrassonografia das carótidas. Foram incluídos 82 pacientes, sendo 75% do sexo feminino, com média de idade de 50 nas mulheres e 55 anos nos homens, divididos em dois grupos com base na classificação da SCV no período basal: SCV moderada (escore SCV ≥ 50 ≤ 79 pontos, n=47); e SCV baixa (escore SCV ≤ 49, n=35). O escore de SCV foi calculado a partir da média da pontuação das oito métricas. No período basal as pressões sistólicas periférica (119±10 vs 125±15 mmHg, p=0,048) e central (111±10 vs 118±15 mmHg; p=0,016) foram significativamente maiores no grupo SCV baixa, que também apresentou menor DMF (9,24±5,41 vs 6,79±4,74%, p=0,043) comparado ao grupo SCV moderada. Após oito semanas de intervenção nutricional, apenas o grupo SCV baixa apresentou diminuição nas pressões periférica (131±15 vs 122±17 mmHg, p<0,001), e central (119±15 vs 113±12 mmHg, p=0,049), e aumento da condutância vascular cutânea pós-hiperemia reativa (0,99±0,28 vs 1,08±0,28 UAP/mmHg, p=0,039). O grupo SCV moderada obteve aumento do intervalo RR (933±130 vs 994±131 bpm, p=0,006) neste mesmo período de intervenção. Após 16 semanas de intervenção o grupo SCV moderada, com redução de 4,1% de peso, diminuiu o escore de risco de Framingham (7,8±7,6 vs 7,0±6,8 %, p=0,024), relação colesterol/HDL-c (4,0±0,9 vs 3,8±0,9, p=0,030), e índice aterogênico do plasma (0,01±0,22 vs -0,08±0,20, p=0,004). Já o grupo SCV baixa, com redução de 5,1% de peso, mostrou diminuição na idade vascular (62±13 vs 58±14 anos, p=0,023), insulina (20±11 vs 14±9 mcU/ml, p=0,002) e HOMA-IR (4,4±2,4 vs 3,1±2,0, p=0,002). Os dois grupos reduziram significativamente a proteína C reativa (-0,18 vs -0,25 mg/dl). Em conclusão, os maiores benefícios da intervenção nutricional ocorreram no grupo de saúde cardiovascular baixa, que apresentou melhora da resistência à insulina e redução da pressão arterial periférica e central, com melhora da função endotelial já a partir de 8 semanas. O grupo com saúde cardiovascular moderada necessitou de um tempo maior de intervenção nutricional para mostrar benefícios vasculares e pressóricos, com melhora do perfil lipídico