A filha do conselheiro: cientificismo, licenciosidade e promoção publicitária em O homem, de Aluísio Azevedo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Camello, Cleyciara dos Santos Garcia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6241
Resumo: A notabilidade de Aluísio Azevedo (1857-1913) nos círculos intelectuais brasileiros veio com a publicação de O mulato (1881) e Casa de pensão (1884), já a sua consagração como o maior nome do naturalismo nacional, com O cortiço (1890). No entanto, o triunfo literário do maranhense deveu-se, em parte, ao seu romance esquecido e relegado pela historiografia em virtude do seu aspecto licencioso O homem (1887), fundamental nesse processo, e apropriado como escrita pornográfica por leitores comuns à época do seu lançamento. A obra foi um sucesso de vendas, garantindo ao literato o fechamento dos seus primeiros contratos com a L. B. Garnier, editora que publicava Machado de Assis e uma das mais importantes do período. O êxito de O homem foi resultado de uma arrojada campanha publicitária colocada em curso pelo próprio autor e sua influente rede de amigos da imprensa. Com foco imediato nas vendas, eles divulgaram o livro de maneira ambígua, destacando ao mesmo tempo o seu cientificismo e a sua licenciosidade. Mas, na percepção do leitor comum e dos críticos, a obscenidade avultava-se frente à patologia abordada. Por isso, o Rio de Janeiro ficou escandalizado ao ler os sonhos eróticos da protagonista, descritos para tratar o tema da histeria feminina. Por causa de O homem, Aluísio Azevedo sofreu ataques dos detratores da escola naturalista, que o acusaram de escrever pornografia disfarçada de ciência. Esse fato aumentou mais ainda a polêmica e o interesse sobre a obra, aquecendo o comércio e fazendo surgir a 4ª edição do livro em menos de um ano depois de sua primeira publicação. Era uma façanha para a época, pois sabemos que o campo literário nacional lutava contra a falta de incentivo e reconhecimento de editores, livreiros e diretores de teatro. Era uma tarefa penosa ganhar os leitores brasileiros diante de títulos europeus famosos que circulavam no país. Por esse motivo, Aluísio e o seu grupo, buscando ganhar o público, bem como consolidar espaço no campo literário brasileiro, investiram fortemente na publicidade do livro. Esta pesquisa visa contar o polêmico surgimento de O homem, obra que contribuiu no processo de ascensão da carreira de Aluísio como um grande escritor naturalista. Para tal, este estudo consultou fontes primárias, bem como realizou leituras interdisciplinares relativas aos temas abordados