Da aquarela à caricatura : uma lágrima de mulher e o mulato, de Aluísio Azevedo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Kuciak, Alexandre
Orientador(a): Zilberman, Regina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/215290
Resumo: Esta tese busca investigar a representação literária de Aluísio Azevedo a partir de sua relação com a pintura e com a caricatura em seus dois primeiros romances, Uma lágrima de mulher e O mulato. Em sua primeira obra, as técnicas da pintura definem narrativa e estilo, enquanto em O mulato o protagonismo é dado à caricatura, seja em suas descrições ou em suas contundentes críticas sociais, derivadas de sua passagem pelo campo jornalístico. Do ponto de vista metodológico, dialogamos inicialmente com o conceito de “sistema midiático” que nos permitiu estudar Aluísio Azevedo enquanto “escritor-jornalista”. Esta perspectiva evidencia o autor enquanto parte atuante de um movimento transformador da literatura a partir da imprensa e sugere uma nova poética, oriunda do suporte periódico. Para desenvolver estas questões dentro de uma contextualização mais ampla, também utilizamos o aparato conceitual de Pierre Bourdieu, em especial o conceito de “campo”. Investigar a produção literária brasileira do século XIX a partir de relações de autonomias sempre relativas, resulta em um mapeamento de tensões sociais possíveis de serem absorvidas pelas obras literárias. Questões incontornáveis como o papel do leitor, os suportes disponíveis, as disputas teóricas em torno da representação do real, a vinculação política do escritor, acabam sendo privilegiadas dentro de um enfoque que constelaciona a relação entre obra e autor. Buscando também a investigação das obras artísticas e literárias de Aluísio dentro de uma situação de mudança perceptiva internacional, integramos em nosso estudo a perspectiva de Walter Benjamin. Sua visão da obra enquanto documento de barbárie, seu olhar para a reprodutibilidade técnica e sua análise da transformação da percepção operada no século XIX contribuiu para o desenvolvimento da perspectiva histórica de nosso estudo que buscávamos. Em um primeiro momento verificamos o campo literário no Brasil a partir da obra A conquista, de Coelho Neto, buscando compreender o campo literário e jornalístico, também, a partir da visão que o campo possuiria de si mesmo. Em seguida, estudamos a vinculação de Aluísio com as técnicas da pintura e da caricatura, buscando identificar a presença destes recursos em suas produções: primeiramente, na produção caricatural de Aluísio nos jornais em que trabalhou entre 1876 e 1878 e, em seguida, em seus dois primeiros romances. Em Uma lágrima de mulher a predominância das cores evidencia uma tecitura narrativa apoiada em fundamentos da pintura, enquanto em O mulato predominam os elementos que compõem o processo caricatural, em especial a sátira generalizada da parcela racista população maranhense de seu tempo.