O Museu da Imagem e do Som e os debates sobre música popular e cultura popular (1965-1971)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Letícia Freixo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13529
Resumo: A presente dissertação tem como foco analisar os debates que ocorreram no Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro entre os anos de 1965 e 1971 sobre a música popular e a cultura popular brasileira. O MIS carioca se firmou como um museu da música popular na gestão do diretor Ricardo Cravo Albin (1965-1971). Neste período, muitas estratégias foram feitas nesta instituição para que a música e a cultura popular brasileira fossem legitimadas. Eventos, palestras, cursos, projetos foram criados com o intuito de consagrar a memória dos verdadeiros representantes da cultura brasileira. Neste sentido, em 1966, foi inaugurado no museu o Conselho de Música Popular Brasileira. Participavam deste órgão 40 intelectuais, que atuavam como mediadores culturais na sociedade em que viviam. Esses intelectuais, especialistas em música popular, se reuniam neste conselho com o intuito de formularem medidas de proteção a autêntica canção nacional. Porém, os conceitos música popular brasileira e cultura popular brasileira não tinham uma única definição. Por isso, o Conselho de Música Popular do MIS foi palco de muitos debates. Cada intelectual lutava pela sua definição de música popular. Intelectuais mais flexíveis consideravam a Bossa Nova a música popular brasileira, intelectuais nacionalistas mais radicais eram contrários a ritmos e gêneros contaminados por uma cultura americanizada que cada vez mais era importada para o Brasil. Este debate não era restrito aos muros do museu, ele atingiu toda a sociedade. A conjuntura do período Guerra Fria, imperialismo norte - americano contribuiu para o acirramento desta atmosfera. Embora fosse comum os debates no conselho do MIS, a vertente nacionalista mais radical predominava entre os intelectuais do museu. A maioria dos conselheiros do MIS classificava o Samba dos primeiros anos da República como o representante da música popular do país. Os sambistas Donga, Pixinguinha, João da Baiana, entre outros, seriam os legítimos representantes da cultura popular brasileira, pois eles cantavam sambas puros , livre de influências externas, livre do imperialismo dos EUA. A memória destes artistas foi reverenciada pelo MIS carioca. O museu realizou um grande trabalho de guardião da memória, de uma memória selecionada pela instituição. Os mediadores culturais do MIS tiveram grande relevância social e foram fundamentais neste processo de consagração dos verdadeiros representantes da cultura do Brasil.