Papel do tecido adiposo de indivíduos obesos sobre células tumorais de mama

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Andrade, Isadora Ramos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biociências
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18569
Resumo: A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada por um quadro de metainflamação sustentado pelo tecido adiposo (TA). A mesma se constitui em um grande problema de saúde pública pelo seu impacto nos cofres públicos e principalmente por sua associação com diversas doenças, incluindo o câncer. Evidências mostram que a obesidade está ligada a um pior prognóstico e um risco aumentado de morte em mulheres com câncer de mama. Com o objetivo de estudar os efeitos da obesidade sobre o desenvolvimento e progressão tumoral, investigamos a influência de fatores secretados pelo TA sobre células de adenocarcinoma mamário humano. Para tanto, as células MCF-7 e MDA-MB-231 foram estimuladas, in vitro, com o meio condicionado (MC) ou com a fração de vesículas extracelulares (MPs) secretados por TAs obtidos, respectivamente, de indivíduos obesos ou eutróficos durante cirurgia bariátrica ou plástica, avaliando-se as alterações induzidas sobre a homeostasia e função dessas células, além dos mecanismos e vias de sinalização envolvidos. Para tanto, as células MCF-7 e MDA-MB-231 foram estimuladas durante 24h com 20% (v/v) de MC ou com MPs (20 μg/ml) derivadas de indivíduos obesos ou eutróficos. O ensaio de proliferação celular foi avaliado pelo método MTT, na presença ou ausência do inibidor da via MAPK/ERK (PD98059); a migração celular foi avaliada através do método de wound healing e a invasão celular por migração através do uso de insertos porosos do tipo transwell (revestido com gelatina 1%), ambos na presença ou ausência do inibidor da via PI3K/AKT (LY294002). A expressão de ERK e AKT nas células MCF-7 e MDA-MB-231 e a expressão de MMP-2 e MMP-9 nas MPs foram analisadas por Western Blotting. A expressão de RNAm para MMP-9 foi avaliada por PCR em tempo real; a atividade proteolítica de MMP-2 e 9 presentes nas MPs foi avaliada por zimografia. Para os ensaios de tubulogênese em Matrigel, as células endoteliais (HMEC-1) foram incubadas com o sobrenadante de células MDA-MB-231 sem tratamento ou previamente tratadas com o MC derivado do TA obeso. Nossos resultados mostraram que em comparação ao TA magro, o MC e as MPs oriundos do TA obeso induziram aumento na proliferação das células MCF-7, sem alterá-la nas células MDA-MB-231. Por outro lado, o MC e as MPs do TA obeso aumentaram a migração e invasividade das células MDA-MB-231. Além disso, observamos que as MPs liberadas pelo TA obeso aumentaram a fosforilação de ERK nas células MCF-7, enquanto aumentaram a fosforilação de AKT nas células MDA-MB-231. O inibidor de MAPK/ERK diminuiu a proliferação das células MCF-7, enquanto o inibidor da PI3K/AKT diminuiu tanto a migração quanto a invasão das células MDA-MB-231. Adicionalmente, observamos que o tratamento das células HMEC-1 com o sobrenadante das células MDA-MB-231 previamente tratadas com o MC do TA obeso apresentaram maior capacidade tubulogênica em comparação ao tratamento do MC do TA magro. Este efeito não foi observado quando as células HMEC-1 foram tratadas diretamente com o MC oriundo do TA obeso. Observamos ainda que as MPs liberadas pelo TA obeso são enriquecidas em MMP-2 e MMP-9 bioativas, corroborando o aumento da capacidade invasiva dessas células no ambiete obeso. Em conjunto, nossos resultados indicam que o microambiente do TA obeso influencia funções celulares prioritárias para a progressão do câncer de mama, aumentando a malignidade das céluals tumorais através da secreção pelo TA de moléculas e de MPs com atividades pró-tumorais.