Ponto cego: sobre infância, luta e olhar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Queiroz, Caroline Trapp de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17862
Resumo: Essa tese discute infância, luta e olhar. Infância porque chama atenção às especificidades de uma categoria social que nos convida a uma radical alteridade; luta porque parte de indícios que reivindicam formas singulares de estar no mundo que demandam sensibilidade para serem legitimadas como política; e olhar porque convoca à necessidade de assumir a opção de realmente enxergar a criança em sua condição de sujeito no mundo. O objetivo é, portanto, pensar a dimensão política das relações que as crianças estabelecem com os adultos, os espaços, as políticas institucionais, a arte, o trabalho, a vida, a estética, enfim, enxergar a criança como sujeito político nas relações que ela mesma tece em sua experiência de existir no mundo. Para isso, a metodologia se estruturou na observação, no interior de uma perspectiva de pesquisa como ato posicionado e entrelaçado às necessidades e objetivos de cada contexto onde se desenrolou: o espaço da casa, o espaço da rua, os ônibus municipais do Rio de Janeiro, os encontros do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Encontro Nacional dos Sem Terrinha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). É possível destacar, dentre os aspectos analisados, a proximidade de mulheres e crianças na luta contra a opressão exercida pela convergência de diferentes estruturas; o cuidado como elemento político profundamente afetado pela desigualdade sistêmica do país; a coletividade como garantia de proteção; o afeto como vinculação principal na constituição familiar de diferentes coletividades; a necessidade de enxergar as crianças no limiar entre a familiaridade e o estranhamento; o entrecruzamento de percepções existente na relação alteritária a que a criança nos convoca; a perspectiva infantil como contraponto senciente à anestesia do adulto; o entrelaçamento de indignação, raiva e revolta; a potência da raiva como emoção que mobiliza também as crianças; e a necessidade de reconhecer as singularidades das crianças como prerrogativa para a compreensão de que os modos de exercício das ações políticas variam. Como forma de sistematizar os registros do campo articulando-os às discussões levantadas, optou-se pelo formato das crônicas e dos fragmentos de texto, compreendendo a linguagem literária como arena de teoria e crítica social. Os referenciais que ajudam a dar consistência a essa tese são, dentre outros: Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin, Jean-Michel Basquiat, Fals Borda, bell hooks, Italo Calvino, Mano Brown, Yi-Fu Tuan, Milton Santos, Adriana Vianna e Ángela Facundo, Juhani Pallasmaa, Sarah Escorel, Eduardo Galeano, Antonio Candido, Anne Rammi, Angela Davis, Leonardo Boff, Amílcar Cabral, Piotr Kropotkin, Gilberto Moreno, Carlos Lenkesdorf, Saint-Exupéry, Jens Qvortrup, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Freire e Marielle Macé.