Análise da psicodinâmica do trabalho das enfermeiras obstétricas da cidade do Rio de Janeiro frente à lógica neoliberal na saúde
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11113 |
Resumo: | O objeto deste estudo é o trabalho das enfermeiras obstétricas no município do Rio de Janeiro, no atual contexto neoliberal. Apresentam-se, portanto, como objetivos: 1) identificar as complexidades da organização do trabalho das enfermeiras obstétricas para a realização de um cuidado especializado; 2) descrever as condições de trabalho apresentadas pelas enfermeiras obstétricas no cenário hospitalar, nas maternidades públicas; 3) analisar os sentidos do trabalho para as enfermeiras obstétricas frente à organização do trabalho nessa área; 4) discutir o processo de trabalho e as relações interpessoais das enfermeiras obstétricas frente o modelo neoliberal. A temática é discutida na perspectiva do neoliberalismo e seus impactos para o setor saúde, para a enfermagem e para a enfermagem obstétrica. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo descritivo-exploratório. Foram realizadas entrevistas do tipo semiestruturada com vinte enfermeiras obstétricas que trabalhavam em maternidades da rede pública da cidade do Rio de Janeiro, sendo os dados analisados à luz do referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho, de C. Dejours. O método de análise seguiu as etapas da análise temática de conteúdo; após sua aplicação, elaboraram-se quatro categorias, a saber: 1) as complexidades da organização do trabalho das enfermeiras na produção do cuidado especializado. Nessa categoria, evidencia-se a forma como ocorrem i. a divisão do serviço obstétrico nas maternidades públicas, ii. a dinâmica da convivência entre enfermeiras generalistas e especialistas no desenvolvimento das atividades laborais, e iii. as cobranças por produtividade e competitividade como consequência da terceirização; 2) as condições de trabalho das enfermeiras obstétricas no ambiente hospitalar. Nessa categoria, discutem-se i. a incipiência de recursos materiais importantes na execução do cuidado obstétrico especializado, ii. a obsoleta estrutura física institucional e iii. o diminuto quadro de funcionários; 3) os sentidos do trabalho para as enfermeiras obstétricas. Nessa categoria, o labor é visto como fonte de prazer e de sofrimento. Além disso, destaca-se a presença do presenteísmo, relacionada à morosidade dos processos a qual gera entraves burocráticos para a autorização da licença médica; 4) as relações interpessoais no processo de trabalho das enfermeiras obstétricas e as estratégias coletivas de defesa, em que se discutem i. a maneira como os diversos membros da equipe multiprofissional se socializam e ii. a interferência do processo relacional entre os pares para o trabalho das especialistas. Conclui-se que a reestruturação produtiva do trabalho das enfermeiras obstétricas ocorridas na gestão pública do SUS, com base no projeto neoliberal, interfere na produção do cuidado especializado ao precarizar o trabalho desta profissional transformando-o em fonte de sofrimento e podendo gerar o presenteísmo e a alienação das mesmas. |