Precarização do trabalho no campo obstétrico: percepções de Enfermeiras
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11423 |
Resumo: | Muitas enfermeiras obstétricas vêm desenvolvendo práticas baseadas em tecnologias relacionais no cuidado ao ciclo gravídico-puerperal impulsionadas pelos movimentos de humanização e políticas neoliberais dos anos 1990. Com o lançamento da Rede Cegonha (2011), na rede municipal de saúde do Rio de Janeiro, aumentaram os postos de trabalho para enfermeiras, inseridas na perspectiva de contrapor o modelo medicalizado de assistência. Simultaneamente, observam-se transformações na gestão de recursos humanos e de cuidados, provavelmente legatárias da reestruturação produtiva que prevê aumento na produtividade e flexibilização dos vínculos trabalhistas. Assim, esse estudo objetivou: descrever as condições objetivas do trabalho das enfermeiras obstétricas no campo hospitalar; analisar os efeitos das condições de trabalho das enfermeiras para o campo obstétrico e discutir a percepção das enfermeiras obstétricas sobre suas relações de trabalho. Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa, sendo participantes 15 enfermeiras obstétricas, formadas a partir de 2011, atuantes na área hospitalar, no mínimo, há 6 meses. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e tratados de duas formas: para o primeiro objetivo, definiram-se as condições objetivas de trabalho a partir do referencial temático que originaram as três categorias da primeira seção analítica. Para os outros objetivos foram seguidos os passos do método proposto por Minayo (2014): transcrição das entrevistas, codificação e agrupamento das falas e criação de quatro categorias analíticas. O arcabouço teórico de Pierre Bourdieu ancorou a análise. Os resultados apontaram que a maioria das enfermeiras pesquisadas possuem dois contratos empregatícios pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em organizações sociais terceirizadas. Na realização da mesma atividade, as enfermeiras contratadas têm salários maiores que os das estatutárias e menores que os dos médicos obstetras contratados e a jornada de trabalho é intensificada pelo acúmulo de funções. As participantes percebem uma instabilidade no vínculo de contrato, levando-as à insegurança e ao medo de perder o emprego. A lógica produtivista pressiona para o aumento da quantidade de partos e o uso dos instrumentos apropriados para humanizar a assistência. A aproximação com a chefia é percebida como uma estratégia para se manter no emprego, ao mesmo tempo em que se torna um meio de incremento da produtividade pela redução de conflitos. Por fim, percebe-se uma hierarquia no campo obstétrico que atribui às enfermeiras as tarefas menos prestigiosas e reproduz a dominação masculina. Conclui-se que há uma possível precarização nas relações de trabalho condizente com os novos modos de produção, o que pode impactar no projeto desmedicalizador do campo obstétrico e ocasionar a retirada da autonomia das mulheres usuárias. |