Violência física interpessoal em adultos na região de Campina Grande: análise dos traumas faciais, dinâmica de distribuição semanal, perfil da agressão e do agressor, e circunstâncias dos eventos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Carlus Alberto Oliveira dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual da Paraíba
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS
Brasil
UEPB
Programa de Pós-Graduação em Odontologia - PPGO
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/5080
Resumo: Introdução: A violência interpessoal (VI) por agressão física é um fenômeno complexo que pode ser influenciada por diversos fatores, tais como o sexo, idade, região de moraria, o dia da semana, presença eventos festivos e consumo de álcool. Objetivos: Avaliar a dinâmica de distribuição semanal dos casos de violência física interpessoal em adultos com resultado de lesões na face, com ocorrência em Campina Grande e sua região metropolitana, dos registros de vítimas atendidas no Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (NUMOL-CG). Metodologia: Realizou-se um estudo censitário, observacional e retrospectivo envolvendo 9.522 vítimas de violência interpessoal. A coleta de dados foi dividida em dois períodos. O primeiro, abrangendo os anos de 2008 a 2011, foi realizado por uma equipe de oito pesquisadores previamente calibrados. O segundo período, referente aos anos de 2012 a 2014, por dois pesquisadores que também participaram da primeira coleta. O instrumento de coleta de dados incluiu informações sociodemográficas, relativas ao trauma e as circunstâncias da agressão. Inicialmente realizou-se uma análise descritiva dos casos e, posteriormente, os dados sociodemográficos e de trauma foram analisados utilizando regressão logística bivariada e multivariada. Adicionalmente, a análise de correlações de Cramer foi utilizada para identificar a força das associações entre variáveis relacionadas ao trauma facial. Resultados: A maioria das vítimas tinham entre 18-29 anos (49,1%) e residia em Campina Grande (74,6%). A prevalência de trauma facial foi maior entre jovens (18-29 anos) e desempregados (49,58%). O uso de instrumentos aumentou significativamente a chance de trauma facial (OR = 2,21, p < 0,001) e a incidência foi maior nos fins de semana (OR = 0,89, p < 0,001). A análise detalhada revelou que os traumas de tecido mole foram os mais comuns entre as vítimas, representando 42,3% dos casos, enquanto fraturas de osso facial e fraturas dentoalveolares foram menos frequentes, com 0,9% e 0,4% respectivamente. A maioria das agressões ocorreu na região da cabeça e face, com 20,2% dos casos registrados nesta área. Outras regiões afetadas incluíram o pescoço (1,4%), membros superiores (17,7%), membros inferiores (5,3%), tórax (3,8%) e abdômen (1,7%). Os instrumentos mais utilizados nas agressões foram a força corporal (66,1%), armas brancas (6,6%) e armas de fogo (3,9%). Outros instrumentos foram usados em 10,2% dos casos. A análise de Cramer revelou que o uso de instrumentos e o dia da semana tiveram as correlações mais fortes com a ocorrência de trauma facial, indicando associações moderadas. A análise semanal dos dados mostrou que a incidência de violência interpessoal foi significativamente maior nos fins de semana, com uma odds ratio de 0,89 (p < 0,001), indicando um aumento nos casos de trauma facial durante esses dias. A influência de eventos festivos também foi notável, com picos de violência observados durante festas juninas e outras celebrações locais. Conclusão: A idade jovem, o desemprego e o uso de instrumentos estão associados a uma maior chance de trauma facial. A violência interpessoal é mais comum nos fins de semana e durante eventos festivos. Políticas públicas e intervenções preventivas são necessárias para esses períodos de maior risco. Programas como o Paraíba Unida pela Paz tiveram um impacto inicial positivo, mas são necessárias medidas contínuas e adaptativas para enfrentar os desafios persistentes.