Educação, gênero e identidade feminista : relações de saber-poder na constituição de subjetividades docentes no ensino médio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Leite, Anyellen Mendanha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Goiás
UEG ::Coordenação de Mestrado em Língua, Literatura e Interculturalidade
Brasil
UEG
Programa de Pós-Graduação Strito sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/733
Resumo: Esta pesquisa objetiva investigar como as relações entre saberes e poderes irrompem quanto à temática de gênero e feminismo na constituição de subjetividades docentes no âmbito escolar. De acordo com Butler (2003), gênero é um conceito social culturalmente demarcado, que historiciza o corpo; para a autora, não há a dicotomia sexo/gênero, posto que ambos são elaborados discursivamente e engendrados por poderes, e não puramente fatos naturais, pré-discursivos. Descrevemos e analisamos enunciados desses sujeitos acerca das questões de gênero em perspectiva feminista, a fim de estudar seus efeitos discursivos nas possibilidades de (trans)formação de práticas educativas que convirjam para uma abordagem mais plural e menos segregadora. A perspectiva central da investigação fundamenta-se na concepção de que a sociedade está estabelecida a partir de microrrelações de dominação consolidadas pelos saberes que interpelam os sujeitos, por meio dos espaços institucionais. Nesse sentido, examinamos como os professores agem, conforme as condições de produção enunciativas da contemporaneidade. O trajeto metodológico respalda-se na Análise do Discurso de linha francesa, sobretudo no aporte epistemológico de Foucault (1979, 1987, 1999a, 1999b, 2008, 2012, 2014, 2016), Machado (1998, 2013), Eizeirik (2006), Butler (2003), Saffioti (1992), Louro (1997), Moreno (1999), Tiburi (2018), McLaren (2016) para investigação do corpus reunido por meio de entrevistas semiestruturadas. Os resultados apontaram que, nos enunciados produzidos em determinada circunstância discursiva, admite-se a percepção de sentidos outros, haja vista que os efeitos de sentido escapam do controle dos enunciadores. Notamos que as práticas de subjetivação não podem ser mecanizadas ou entendidas sob um único ponto de vista. Conquanto os saberes sejam legitimados por poderes e se constituam pela autoridade da esfera educacional, tais práticas não podem ser avaliadas de modo uniforme. É possível observarmos uma tendência à estabilidade e homogeneidade dos valores sociais, sob o foco dos saberes estabelecidos pelo conhecimento colonial eurocêntrico, resultantes da instituição de uma convenção normalizadora. Porém, há uma positividade para o feminismo, que constitui outro sistema de enunciabilidade, o qual problematiza os papeis associados socialmente ao homem e à mulher, de forma binária e assimétrica. Concluímos que a escola, por meio de suas práticas enunciativas, baliza lugares enunciativos e posições-sujeito e, logo, reproduz dadas normalizações. Contudo, precisamos ponderar que esse mesmo espaço pode ser lócus com escopo de promoção da cidadania propício para discussão dos enfoques constitutivos do feminismo e suas demandas de transformação.