Vem jogar mais eu, mano meu: cartografando a capoeira na Cidade de Camocim como jogo de linguagem e resistência negra

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Cordeiro, Gilson Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=84461
Resumo: <div style="">O trabalho de pesquisa VEM JOGAR MAIS EU, MANO MEU: CARTOGRAFANDO A CAPOEIRA NA CIDADE DE CAMOCIM COMO JOGO DE LINGUAGEM E RESISTÊNCIA NEGRA insere-se no amplo escopo de estudos em Pragmática Cultural, filiando-se de forma mais ampla aos estudos em Linguística Aplicada, agregando a Pragmática Cultural às noções de Linguista Aplicada indisciplinar, mestiça e transgressora. A pesquisa teve como objetivo analisar o jogo de linguagem capoeira, mais notadamente, a capoeira praticada pelo Grupo de Capoeira Regional Mestre Ávila na cidade de Camocim-CE, a partir da vivência das regras inscritas no jogo, entendendo essa prática cultural como jogo de linguagem e prática de tradução intercultural. Para a efetivação da pesquisa, utilizamos, em linhas gerais, dos seguintes aportes teóricos: as ponderações da Filosofia da Linguagem Ordinária (FLO), sobretudo nas concepções de jogos de linguagem e as regras culturais destes jogos propostas por Wittgenstein, somadas às ponderações de atos de falas e suas dimensões locucionárias, ilocucionárias, perlocucionárias propostas por Austin; as discussões sobre epistemologias norte e sul; as problematizações do lugar híbrido entre sujeito pesquisador e também sujeito do universo pesquisado, no nosso caso, pesquisador e capoeirista; o debate em torno da dimensão de comprometimento político como negro intelectual. Como método de análise, baseamo-nos nos princípios da cartografia intervencionista em que nos propusemos a acompanhar processos, seguindo pistas cartográficas. Como resultado da análise, dentre outro pontos, ponderamos que as regras “mandinga”, “corpo”, “axé”, “roda” e “mestre” parecem ser parte constituintes primordiais desse jogo, mas não dão conta do entendimento de todo o jogo de capoeira, o jogo é sempre aberto e contingencial, motivado pelo uso histórico e social; vimos também que as regras devem ser problematizadas no próprio jogar. Surgiu também como apontamento analítico que realmente as falas dos capoeiras comportam-se como atos de fala e as dimensões já elencadas destes atos repercutem na formação desse jogo. Percebemos também que a capoeira insere-se como uma prática da ordem subalterna e resistência da cultura negra na cidade. Quanto aos aspectos da tradução intercultural, propusemos que a capoeira trata-se de uma atividade da ordem intercultural uma vez que emerge do entrelaçamento de diferentes substratos culturais formadores, procurando suplantar a ideia de que haja substratos culturais negro, indígena e branco como origens míticas e estanques, apostando muito mais nesses substratos como construções políticas, por vezes tangenciais, híbridas e intercambiantes, trata-se de um processo tradutório infinito que, ao longo do tempo, revitaliza traços já consolidados em novas urgências políticas. Palavras-chave: Cartografia. Jogos de linguagem. Negritude. Capoeira.</div>