Mioinositol oxigenase urinária como potencial marcador precoce de doença renal diabética no diabetes melitus tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mendes, Angela Delmira Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=109971
Resumo: A Relação Albumina Creatinina Urinária (RAUC) é o biomarcador validado e amplamente empregado para o diagnóstico de estágio precoce da Doença Renal Diabética (DRD). Entretanto, o Diabetes Melito (DM) pode evoluir para os estágios finais da DRD sem ter, previamente, apresentado alteração na RAUC. Vários são os fatores que influenciam na elevação de albumina urinária, sem que isso represente lesão renal. Com a mudança do paradigma da fisiopatologia de DRD de glomerulocêntrico para tubulointersticial, o rastreio diagnóstico da DRD resultou na pesquisa de biomarcadores mais sensíveis e específicos que expressem a diversidade do comprometimento celular e bioquímico da lesão renal do DM. A hiperglicemia induz ao aumento da expressão de Mioinositol Oxigenase (MIOX), enzima específica do epitélio tubular que contribui na patogênese das lesões tubulointersticiais da DRD por diferentes mecanismos, especialmente, pela geração de espécies reativas de oxigênio (EROS). As alterações das concentrações séricas e urinárias de MIOX pela hiperglicemia, que podem ocorrer precocemente no curso da DRD, foram demonstradas em modelos animais e em indivíduos com DM 2. O presente estudo tem como objetivo quantificar as concentrações urinárias de MIOX e a razão MIOX/creatinina, em pessoas com Diabetes Melito Tipo 1 (DM1), normoalbuminúricos e com albuminúria, comparando-as com a RAUC para avaliar o seu potencial com biomarcador precoce na DRD. Além disso, a identificação de fatores antropométricos, clínicos, metabólicos e a coexistência de complicações diabéticas que possam influenciar nas variações de MIOX foram também avaliadas. A população do estudo foi formada de 25 pessoas saudáveis sem diabetes (grupo controle) e 107 indivíduos com DM1 dividido em subgrupos conforme RAUC: A1 (<30mg/g); A2 (30-300mg/g); A3(>300mg/g). A comparação dos dados entre os subgrupos de DM1 foi realizada entre A1 e A2+A3. Para análises estatísticas, foram utilizados os programas SPSS e R e, p<0,05 definido como estatisticamente significante. Os participantes do estudo não diferiram quanto ao gênero, idade, sexo, estilo de vida, PAS, PAD, creatinina e TFGe. O grupo de pessoas com DM1 apresentava níveis de colesterol e triglicerídeos (Tg) mais elevados, maior IMC, maior circunferência de cintura abdominal (CCA), e tiveram maior prevalência de diagnóstico de hipotireoidismo e síndrome metabólica (SM) do que o grupo controle (p<0,05). A RAUC mais elevada no grupo DM1 e a creatinina urinária maior no grupo controle foram significativamente diferentes (p<0,05). Nos subgrupos de indivíduos com DM1 foi demonstrado que em A2+A3 havia maior frequência de sobrepeso e obesidade, CCA de risco, SM, neuropatia e retinopatia diabéticas do que em A1 (p<0,05). Na avaliação bioquímica foi demonstrada que as medianas de HbA1c (10,3%), Tg (121mg/dL), proteinúria (19,13mg/dL), EAU (113,3 µg/mL) RAUC (84,47mg/g) foram também mais elevados em A2+A3 em relação à A1 que apresentou HbA1c (8,20%), Tg (80mg/dL), proteinúria (5,40mg/dL), EAU (7,9µg/mL) RAUC (7,01mg/g) (p<0,05). A mediana da relação MIOX/Creatinina foi significativamente diferente entre o grupo DM1 de 17,22 mg/g (28,85 ± 42,17) e o grupo controle de 10,46 mg/g (13 ± 9,75) (p = 0,005). A relação MIOX/creatinina diferiu significativamente conforme RAUC, com valores medianos em A1 de 15,38 mg/g (23,58 ± 25,90) e em A2+A3 de 26,45 mg/g (55,66 ± 77,97) (p = 0,005). A relação MIOX/Creatinina entre os participantes com normoalbuminúria foi diferente, com valor mediano de 15,39 mg/g (23,06 ± 25,46) entre DM1 do subgrupo A1, e de 10,46 mg/g (13,16 ± 9,75) no grupo controle (p = 0,025). No entanto, a concentração urinária de MIOX não diferiu entre os grupos controle e DM1 como também entre os subgrupos (A1, A2, A3 e A2+A3). A MIOX/Creatinina se correlacionou positivamente com HbA1c (p<0,001), proteinúria (p=0,036), creatinina sérica (p=0,014) e RAUC (p<0,001) no grupo DM1 demonstrando associação do efeito da hiperglicemia na expressão da MIOX e na progressão da DRD. Concluímos, portanto, que a relação MIOX/creatinina poderia ser útil no rastreio diagnostico da DRD em pessoas com DM1 com normoalbuminúria. Contudo, necessitam serem realizados mais estudos com populações mais abrangentes e que avaliem a associação do efeito de covariantes ao médio prazo, assim como a combinação com outros biomarcadores de lesão renal.