Análise do léxico de causa mortis em documentos de certidão de óbito dos séculos XIX ao XXI: um estudo diacrônico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: HOLANDA, MARIA AURILENE PINTO SAMPAIO
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=118587
Resumo: O estudo do léxico abre portas à compreensão para além da estrutura linguística, atesta os aspectos da história, da cultura, da vida e da morte de uma determinada sociedade. O estudo do léxico de causa mortis na perspectiva diacrônica desvelou aspectos linguísticos e sócio-históricos singulares da história da língua e de uma sociedade, como foi feito nesta tese que tem como objetivo analisar diacronicamente o léxico de causa mortis em certidões de óbitos produzidas nos séculos XIX ao XXI, bem como identificar os aspectos sócio-históricos que contribuem para as mudanças, os apagamentos e as permanências desse léxico em uso nos documentos. Neste sentido, a condução desta investigação permeou aspectos teóricos da filologia, trazendo à discussão conceitos da filologia tradicional, com fundamentação em Spina (1977); Cambraia (2005); Auerbach (1972) e Castro (1997), bem como conceitos que colocam a filologia em um patamar inovador, a exemplo das concepções de filologia crítica (Sacramento; Santos, 2014) e da pós-filologia, termo cunhado em Warren (2003), por fim a filologia virtual (Monte; Paixão de Sousa, 2017), esta última trazendo à tona a filologia interfaceada às humanidades digitais (Crane, 2008; Alves, 2016, 2017; Paixão de Sousa, 2014, 2017 e outros). Ainda nesta investigação diacrônica do léxico, os aspectos teóricos fundantes estão pautados na linguística histórica (Faraco, 2005; Mattos e Silva, 1999, 2008) na lexicologia (Biderman, 1998 e outros; Villalva; Silvestre, 2014) e na lexicologia social defendida em Matoré (1953) e reconfigurada por Cambraia (2013) como lexicologia sócio-histórica. Considerando o percurso teórico-metodológico do fazer filológico permeado pelas humanidades digitais, o ponto de partida se deu com o levantamento e edição filológica das certidões de óbito manuscritas nos séculos XIX e XX que compõem o corpus eclesiástico e, com a elaboração das edições mecânicas dos documentos de declaração de óbito registradas em cartório civil entre os séculos XX e XXI. Na preparação do corpus eclesiástico foi utilizado o programa eDictor, o qual contribuiu para edição filológica digital, essa que será disponibilizada em links de acesso e posteriormente em uma página na internet, para o livre acesso a quem interessar. A recolha do léxico dos documentos eclesiásticos se deu com o uso do software AntConc, que possibilitou o levantamento e a disposição das ocorrências em uma linha temporal. Já a recolha do léxico nas fichas dos documentos cartorários se deu em planilha elaborada na ferramenta Excel do aplicativo Google drive, sistema de armazenamento em nuvem e o tratamento dos dados em informações no programa Power Bi. Por fim, vislumbrando identificar as categorias de permanência, de mudança e/ou apagamento lexical e sistematizar a visualização no eixo do tempo, foi disponibilizado gráfico de linha com as ocorrências para cada século analisado. De posse das ocorrências do léxico distribuídas no eixo do tempo foi possível identificar as formas de nomear a causa mortis e os aspectos sócio-históricos, culturais e científicos que contribuem para a manutenção, para a mudança ou para o apagamento. As discussões analíticas se deram qualitativamente a partir dos dados quantitativos por ocorrência, em que se identifica a influência direta de fatores sócio-histórico, culturais e científicos no uso da linguagem. Desta forma, esta tese não só contribui para pesquisas filológicas interfaceada às tecnologias digitais, como também para história da língua, sobretudo do léxico referente às causas da morte no período analisado, bem como, para outras áreas interessadas na história social do morrer.