A variação dos verbos existenciais ter, haver e existir no falar culto de Fortaleza: um estudo sociolinguístico de mudança em tempo real de curta duração

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Souza, Francisco Ferreira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=117713
Resumo: Esta pesquisa investiga a variação dos verbos existenciais ter, haver e existir no falar culto de Fortaleza em dois recortes temporais: amostra da década de 1990 e amostra da década de 2010. O objetivo geral é investigar se este fenômeno se caracteriza como uma mudança em progresso, no sentido de ter está suplantando haver e existir na comunidade estudada. A base teórica e metodológica deste trabalho é a Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 1999, 2001, 2003, 2010) cujos pressupostos são o fio condutor de toda a análise. Usou-se a ferramenta estatística R (CORE TEAM, 2021) para se fazer toda a análise quantitativa com a aplicação de testes estatísticos (qui-quadrado) e o ajuste de modelos de regressão logística com efeitos mistos, que explicam o fenômeno variável em estudo. Foram feitas análises binárias de haver e existir com o verbo ter. Primeiramente, foram ajustados dois modelos de regressão logística binária (ter/haver; ter/existir), incluindo a década como uma variável independente. Os resultados desses modelos indicaram que que o fenômeno investigado está passando por uma mudança em progresso em favor de ter existencial e que esta mudança se encontra em estágio mais avançado com o verbo haver e mais lento com o verbo existir. Em 2010, a probabilidade de haver ser usado é de apenas 1% e de existir, 27%. Depois desse primeiro resultado, foram feitas análises binárias, separando os dados de cada década. Nessas análises, descobrimos que o verbo haver é um verbo especificamente usado por falantes com alto grau de escolaridade (pós-graduados) e em construções em que o objeto é um substantivo abstrato. Os resultados para o verbo existir foram menos esclarecedores, pois ao passo que os primeiros modelos de regressão apontaram que ele também está em processo de mudança, sendo substituído por ter, de uma década para outra, os fatores que o favorecem aumentaram, com destaque para quatro fatores sociais: homens, faixa etária 1, graduação particular, pais de outra cidade. Se, por um lado, podemos afirmar que o verbo haver caminha para o desaparecimento do português culto de Fortaleza, por outro lado, não podemos chegar à mesma conclusão em relação ao verbo existir. É preciso, portanto, aguardar pesquisas futuras para se ter maior clareza em relação a esse verbo. O fato é que o verbo ter já pode ser considerado o principal verbo existencial do falar culto da capital cearense. Palavras-chave: sociolinguística variacionista; verbos existenciais; mudança em progresso; português culto.