Uma variação linguística no português d’além mar: produção, percepção e atitudes sobre os verbos existenciais no falar culto de Funchal e Fortaleza

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: VIANA, RAKEL BESERRA DE MACÊDO
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=108937
Resumo: Esta pesquisa estudou a variação entre verbos ter, haver e existir em sentido existencial no falar culto da cidade de Fortaleza, Ceará e da cidade de Funchal, Ilha da Madeira e verificou quais crenças, percepções, avaliações e atitudes linguísticas seus respectivos falantes têm sobre os usos desses verbos, à luz da sociolinguística variacionista. Para isso, utilizamos, como aporte teórico-metodológico, os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 1963, 1978, 1994, 2001, 2003, 2006, 2008, 2010; LABOV; JUN, 2007; WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006); as orientações de Gries (2019), Guy e Zilles (2007) e Oushiro (2017) sobre as análises estatísticas; e Campbell-Kibler (2009, 2010), Oushiro (2021) e Sene (2019) sobre as percepções e atitudes na sociolinguística. Os dados de fala são oriundos de bancos de dados já constituídos, a saber, o Projeto Descrição do Português Oral Culto de Fortaleza – PORCUFORT e do Corpus Sociolinguístico do Funchal – CSF. Os dados de percepções e atitudes são oriundos de um teste aplicado a fortalezenses e funchalenses no período de novembro de 2021 a maio de 2022, coletados on-line e criados na plataforma Qualtrics®. Para as análises de fala, controlamos variáveis linguísticas e extralinguísticas de efeitos fixos e mistos com ajuda do software RStudio. Como resultados da produção linguística de Fortaleza-CE, encontramos 13 sentidos/valores/contextos expressos pelos verbos ter, haver e existir. Enquanto existenciais, obtivemos 3,6% de dados para haver, 89,5% para ter e 6,8% para existir, gerando uma regra semicategórica entre ter e haver e um estágio de mudança em progresso no sentido de ter suplantar haver no sentido existencial. Na análise multinomial com efeitos mistos, apenas a variável linguística traço semântico do SN se apresentou estatisticamente significativa entre haver e ter e haver e existir. Os resultados do teste de atitudes linguísticas nos dizem que, de um modo geral, os falantes utilizam o verbo haver, mas somente em situações específicas de formalidade e polimento; com sentido de existir, no presente, e de acontecer, no passado, assim como, no uso de haver como tempo decorrido; o uso de existir é mais frequente no tempo presente e no infinitivo e diretamente relacionado à existência efetiva de algo ou alguém. Como resultados de produção de Funchal, encontramos também 13 sentidos/valores/contextos gerais para as variantes. Enquanto existenciais, encontramos 31% de ocorrências de ter, 54,2% de haver e 14,8% de existir e uma variação estável entre ter e haver. Na análise multinomial com efeitos mistos, somente as variáveis animacidade e faixa etária se apresentaram estatisticamente significativas. Os resultados do teste de atitudes linguísticas nos dizem que a noção de existência de seres e pessoas é bastante variável e possível entre haver e existir, entretanto, existir está mais ligado a sintagmas que estejam relacionados à “existência visual”, “viver, ser, estar” e “presença física”, além disso, ter está ligado a um uso de descuido com a linguagem, falta de domínio da língua; atrelaram ao verbo ter à informalidade junto ao verbo existir em relação a haver, pois, enquanto haver é considerado formal, ter e existir são considerados informais.