Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Ana Hadassa da Silva |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=97206
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Resumo: |
<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Este trabalho discute mudanças ocorridas, entre 2015 até o ano 2019, em relação às mulheres encarceradas no presídio Auri Moura Costa. Neste período, houve ascensão das facções criminosas no Estado do Ceará. Este trabalho discute o envolvimento de mulheres nestas facções. Discorre-se, especificamente, sobre grupos de mulheres denominadas primas fiéis, mas também sobre seus relacionamentos com outras mulheres, por sua vez, conhecidas como sendo parte das faccionadas, da massa carcerária e das cunhadas e irmãs. Observa-se que predominam mulheres analfabetas ou semianalfabetas no referido presídio, elas estão fora do mercado de trabalho e sem nenhuma especialização profissional. Predominam entre as próprias presidiárias, mães solteiras, mulheres que tiveram mais de um relacionamento conjugal, tendo filhos de pais diferentes. O envolvimento com o tráfico de drogas, para algumas mulheres, está relacionado ao atendimento das necessidades básicas, como alimentação e moradia; enquanto, para outras, significa acesso às roupas da moda e ostentação material. Existem as que se envolveram com drogas por influência de companheiros ou porque tiveram marido ou namorado morto e precisaram assumir a responsabilidade pelos negócios. Há também mulheres que assumem a autoria dos assassinatos dos homens que lhes oprimiam ou violentavam. De vários modos, elas questionam a ideia de mulher dócil e passiva, ao escolher a força e a violência para se afirmarem, ascenderem ao crime e se tornarem protagonistas. No presídio, essas mulheres produzem contrastantes representações, tais como dóceis, submissas e agressivas. Elas constroem diferentes corpos que se revoltam na morte e na loucura, corpos que recriam suas próprias estéticas com piercings e tatuagens, corpos que também se aleijam. No interior das prisões, essas mulheres se articulam em busca do poder de mando, chegando a ser cruéis, ao mesmo tempo, que têm um sentimento de sororidade para com aquelas companheiras de celas que aderem à facção. Enquanto questionam os valores tradicionais das mulheres, elas também ocupam o lugar da mãe e do amor romântico ao mesmo tempo em que ressignificam o lugar da mulher violenta ao usarem da força e da crueldade. Este trabalho é uma história de vidas marginalizadas, uma narrativa que escolheu o presídio Auri Moura Costa para mostrar como algumas mulheres chegaram e se reconstruíram na privação de liberdade, bem como apresenta meios pelos quais elas se envolveram com facções criminosas e o que sentem fazendo parte destes grupos, como funcionam suas relações no interior do presídio e como se articulam em função de suas diferentes posições em relação às facções. Essa pesquisa reproduz e interpreta histórias, mostrando como ocorreram mudanças na vida de mulheres a partir da entrada das facções no presídio em estudo. Esse trabalho é inspirado em fragmentos de várias histórias de vida que pude conhecer a partir de visitas e observações de alguns sujeitos privados de liberdade; ele resulta de uma investigação baseada na observação participante e em entrevistas realizadas com mulheres presas. Palavras-chave: Mulher faccionada; Presídio feminino; Criminalidade; Violência; Relações de Poder.</span></div> |