A devolução de crianças na adoção tardia e a construção da maternidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Araújo, Mabel Itana lattes
Orientador(a): Bastos, Ana Cecília de Sousa Bittencourt lattes
Banca de defesa: Moreira, Lúcia Vaz de Campos, Pontes, Vivian Volkmer
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/389
Resumo: A trajetória de vida de muitas mulheres conduz à construção de significados acerca do ser mãe e a adoção se constitui uma das opções para se concretizar essa maternidade. A partir dos estudos sobre a feminilidade e a maternidade é discutido o lugar que a criança ocupa na relação com a mãe adotiva. Mas, ainda na sociedade contemporânea, essa relação aparece imbuída de mitos e preconceitos, o que pode, muitas vezes, levar um projeto de adoção ao fracasso. Em meio a toda complexidade do processo adotivo, pode ocorrer que a criança adotada seja devolvida, situação não rara nos dias atuais. Essa devolução ocorre quando os conflitos familiares tornam o convívio insustentável, deixando claro que a família enfrentou dificuldades para inserir essa criança na condição de filho. Diante das vicissitudes que envolvem o exercício da maternidade na adoção, o presente estudo tem por objeto de pesquisa a experiência de mulheres que vivenciaram a devolução de crianças por elas adotadas. Por conseguinte, tem por principal objetivo compreender como se articulam a devolução de crianças e adolescentes adotados e o processo de construção da maternidade das mães adotivas, abordando o conceito de ambivalência da Psicologia Cultural. Para tal compreensão, buscou-se: identificar os motivos que levaram essas mães a adotarem uma criança; identificar as razões apontadas por elas para a devolução dessa criança adotada; analisar as repercussões emocionais para a mãe adotiva que decide por devolver uma criança adotada; explorar as expectativas de futuro das mães que adotaram e decidiram pela devolução da criança adotada. A pesquisa foi desenvolvida na abordagem qualitativa descritiva, utilizando a entrevista narrativa e relatos de casos da internet. Foi realizada uma entrevista gravada com a participante que viveu a experiência de adotar e devolver a criança, tendo sido assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCSal. Ainda, foram selecionados dezessete casos, relatados na internet, sobre mães adotivas que vivenciaram a mesma experiência de adotar e devolver a criança. Os dados obtidos fizeram parte de um estudo de casos múltiplos e foram tratados pela análise de conteúdo por categorias temáticas. Como principais achados, tem-se os motivos que levaram as mulheres a decidirem por adotar uma criança: a infertilidade; a busca por mudanças na rotina dos cônjuges; o altruísmo e a crença na própria bondade; a necessidade de dar um sentido à vida. Quanto às razões indicadas pelas mães para a devolução das crianças por elas adotadas: o comportamento apresentado pela criança durante o convívio familiar; a expectativa da adotante quanto à demonstração de amor e gratidão; referência à origem da criança. Sobre as repercussões emocionais para a mãe adotiva que devolve a criança adotada, constatou-se que o sentimento mais marcante é o de culpa. Refletiu-se, ainda, sobre as pretendentes a mães adotivas tenderem a adiar ou a desistir de uma nova adoção, após devolução da criança. Conclui-se que a devolução é consequência direta de dificuldades encontradas no exercício da maternidade adotiva. Por fim, a pesquisa aponta para a necessidade de estudos sobre a adoção, em especial, sobre a devolução de crianças na adoção, a fim de que o tema ganhe mais visibilidade.