Percepções de filhos adolescentes sobre o abandono afetivo paterno entre estudantes do subúrbio ferroviário de Salvador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, João Paulo Pereira de lattes
Orientador(a): Petrini, João Carlos lattes
Banca de defesa: Santos, José Eduardo Ferreira lattes, Milani, Feizi Masrour
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1550
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo principal discutir percepções de filhos adolescentes sobre o abandono afetivo paterno entre estudantes do Subúrbio Ferroviário de Salvador, sem deixar de considerar a ressignificação pela qual passa a figura paterna na contemporaneidade. Para tanto, optou-se pela adoção do estudo exploratório, com pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Assim, para a coleta de dados, foi elaborado um questionário, aplicado a 100 participantes, e a execução de grupo focal, com 14 participantes dentre os que haviam respondido ao questionário. Os sujeitos da pesquisa são adolescentes, na faixa etária entre 12 a 18 anos de idade, que estivessem cursando entre o 7º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio. O local da pesquisa foi uma escola estadual localizada no Subúrbio Ferroviário de Salvador-Bahia. Para a análise e a interpretação dos dados, definiu-se pelo método de abordagem quanti-qualitativo, por considerar os percentuais extraídos dos questionários e as falas obtidas do grupo focal. Constatou-se o registro de adolescentes moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador que, considerando suas perspectivas, parecem enfrentar a situação do abandono afetivo paterno, a qual pode ser compreendida em razão dos 27% dos(as) entrevistados(as) que afirmaram não verem seus pais, em especial quando associado aos 13% que declararam ver o pai esporadicamente e pelo fato de que 24% consideraram que a relação com pai seja ruim. Além disso, os adolescentes entrevistados(as) estão inseridos nas mais diferentes configurações familiares (nuclear, monoparental, estendida e substituta), sendo que nas famílias monoparentais, tanto mulheres (que são a maioria) quanto homens têm exercido os papéis e funções que, socialmente, esperava-se que fossem compartilhados entre os genitores. Verificou-se, ainda, que a relevância de dar atenção aos prováveis efeitos do abandono afetivo paterno é demarcado pelos 41% dos(as) entrevistados(as) que afirmaram sofrer interferências da falta de convívio com o pai, tais como: sentimento de abandono, rejeição, culpa, depressão e até mesmo pensamentos suicidas. Ademais, notamos que a figura paterna, analisada por meio da palavra “pai”, recebeu conotação ora positiva (e.g. segurança, identidade e alicerce), ora negativa (e.g. ausência, atraso, ódio e decepção) por parte dos(as) entrevistados(as), o que reflete os conflitos presentes na relação pai-filho(a). Por fim, destaca-se que, quanto ao papel do pai na atualidade, verificamos indícios que levam à compreensão de um paradoxo entre as expectativas dos(as) entrevistados(as) – pais presentes, compreensivos e amorosos – e a realidade que por vezes observam – ausência paterna, falta de diálogo entre pai e filho, e até mesmo situações de violência no âmbito familiar provocadas pelo pai. Conclui-se, portanto, que, em alguns jovens, registra-se a percepção de estarem enfrentando a situação do abandono afetivo paterno, o que pode vir a incidir negativamente sobre seu desenvolvimento biopsicossocioemocional, e que isso imputa a urgência de intervenções de diferentes instâncias da sociedade. Por outro lado, há aqueles(as) para os/as quais a relação efetiva paterna é satisfatória, indicando assim uma boa relação entre pais e filhos(as).