Formalização fonético-fonológica da interação de restrições na produção e na percepção da epêntese no português brasileiro e no português europeu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Azevedo, Roberta Quintanilha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas#
#-8792015687048519997#
#600
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Letras#
#8902948520591898764#
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/511
Resumo: O estudo lida com a epêntese vocálica no português em uma abordagem fonéticofonológica. Evidencia, através de dados empíricos de produção e percepção de falantes nativos do português brasileiro e europeu, que, em palavras com encontros consonantais heterossilábicos em contextos mediais, propícios ao aparecimento da epêntese no português (como “p.n” – apneia, “t.n” – etnia, “k.t” - cacto), o fenômeno da epêntese vocálica é variável. Também concebe a possibilidade da existência de uma epêntese surda, não comumente identificada na literatura, o que classifica este trabalho como original em seu tratamento instrumental da epêntese especificamente na língua portuguesa. Em particular, trata-se de um estudo que combina a descrição tradicional, estrutural da epêntese, com aspectos acústicos e perceptuais. Instrumentos específicos foram aplicados para a formação dos corpora de produção e de percepção linguística, objeto do estudo. A análise instrumental dos dados de produção foi realizada com a utilização do software PRAAT (BOERSMA; WEENINK, 2013), que permitiu a descrição das propriedades acústicas dos segmentos, como duração e frequências formânticas, o que possibilitou a caracterização diferenciada da vogal epentética do português em relação a uma vogal lexical. O instrumento utilizado para a verificação da percepção da epêntese no português, elaborado a partir do software TP (RAUBER et al., 2009) e aplicado aos mesmos informantes que participaram do teste de produção, deu suporte para a investigação da relação entre a produção e a percepção da epêntese. Com esse arcabouço empírico, tevese como objetivo geral a proposição de uma formalização para o fenômeno da epêntese vocálica no Modelo de Processamento Bidirecional de L1 - Biphon (BOERSMA (2006, 2007, 2008, 2010) e BOERSMA; HAMANN (2009)). A partir da formalização do fenômeno no modelo Biphon, foi possível prever que, ao tratar-se da epêntese, a diferença entre o PB e o PE está na implementação fonética e na percepção. No nível fonológico (lexical), ambas as variedades do português demonstraram que a plosiva em coda constitui uma situação imprópria na língua. Foi possível, além disso, observar que o contato silábico também é relevante, quando se trata de uma sequência heterossilábica, que contém plosiva em posição de coda medial. Ainda foi possível demonstrar que a percepção, nas variedades do português em análise, é fonológica, pois os informantes, na identificação de uma estrutura com plosiva em coda medial, acusaram a presença de uma vogal ilusória, para satisfazer as restrições fonotáticas da língua. Tal situação é formalizada no modelo Biphon por meio de restrições de estrutura e de pista, que demonstram que a percepção de uma vogal ilusória no output (fonológico) não mantém a relação de fidelidade fonético-fonológica com o input (fonético) - restrição de pista >> restrição de estrutura -, sendo que as restrições de estrutura junto às restrições fonéticas devem explicar esse fato. O estudo abre um novo caminho de análise de fatos da gramática do PB e do PE, ao utilizar o Modelo Biphon para explicar e formalizar o fenômeno da epêntese em contextos heterossilábicos mediais em variedades do português, bem como para propor restrições de pista.