Padrões de coocorrência CV na aquisição do Português Brasileiro em crianças de 1 a 3 anos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Rosane Garcia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas#
#-8792015687048519997#
#600
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Letras#
#8902948520591898764#
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/452
Resumo: Neste trabalho investigamos, à luz da Fonologia Gestual e da Teoria Molde/Conteúdo, os padrões silábicos de coocorrência CV em dados de aquisição do português brasileiro como língua materna. Os vieses de combinações CV – consoantes labiais com vogais centrais, consoantes coronais com vogais anteriores e consoantes dorsais com vogais posteriores – observados no balbucio e nas primeiras palavras de bebês de várias línguas têm sido tomados como evidência para a tese da inércia biomecânica, postulada pela teoria Molde/Conteúdo (MACNEILAGE, 1998; DAVIS, MACNEILAGE, 1995), para explicar a emergência da sílaba canônica. A teoria propõe uma explicação evolutiva para justificar a emergência de tais padrões, supondo que a fala emergiu por meio da regularidade de combinação da abertura e fechamento da mandíbula, sem qualquer contribuição motora dos demais articuladores. Por outro lado, a Fonologia Gestual (GOLDSTEIN et al., 2007) destaca o fato de que o desenvolvimento do bebê em geral e da linguagem em particular está subordinado a princípios mais gerais da dinâmica. Assim, a coordenação entre os gestos produzidos pela sintonia de articuladores – que são potencialmente independentes desde o início do processo de aquisição da linguagem – desempenha um papel central na interpretação dos vieses, o que está em consonância com concepções atuais sobre o papel da coordenação motora na Fonologia (GOLDSTEIN et al., 2006). A partir do objetivo de investigar se os padrões de coocorrência CV são encontrados no PB, o corpus desta investigação consistiu de dados do Banco de Dados LIDES, constituído de duas bases orais: fala espontânea infantil e adulta. Os registros de fala são de 10 crianças, na faixa etária entre 1 e 3 anos de idade e de seus respectivos cuidadores. O total da amostra foi de 173.075 estruturas CV resultantes de coletas ao longo de um ano, em intervalos médios de 30 dias, com aproximadamente 100 horas de gravação de áudio. A análise foi dividida em quatro períodos semestrais correspondentes à faixa etária das crianças investigadas. O cômputo das combinações CV foi feito por meio de macrocomandos desenvolvidos para a pesquisa e pelo software WordSmith Tools (SCOTT, 2008). Foram analisadas as combinações entre consoantes labiais, coronais e dorsais em coocorrência com as vogais anteriores, centrais e posteriores, considerando as frequências de tipo e de ocorrência. A análise qualitativa e qualitativa consistiu em testes de associação entre os pares CV baseados nos testes qui-quadrado (2), V de Cramer, razão O/E e desvio de Freeman-Tukey (FT). Foram investigados os padrões CV, os padrões acentuais e também os padrões lexicais dos dois grupos. Os resultados evidenciam que as estruturas CV apontados na literatura são parcialmente recorrentes nos dados do PB. As combinações coerentes com a Teoria Molde/Conteúdo foram encontradas nas frequências de tipos para as coronais e em menor proporção para as dorsais; nas frequências de ocorrências existe maior correspondência com o surgimento de vieses nas consoantes labiais. Contudo, tais vieses apontam para a dependência do contexto relacionado à tonicidade da vogal. Evidências da contribuição do input adulto no desenvolvimento da fala infantil foram encontradas na análise de itens lexicais de ambos os corpora. Por fim, concluímos que os vieses recorrentes estão relacionados à matriz cultural da língua ambiente agregados à biomecânica, o que privilegia a perspectiva da visão da Fonologia Gestual no processo de aquisição de fala.