Integralidade do cuidado de pessoas vivendo com HIV na atenção primária no Brasil : revisão narrativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gomes, Tiago Monteiro lattes
Orientador(a): Zucchi, Eliana Miura lattes
Banca de defesa: Zucchi, Eliana Miura, Bernardes, Luzana Mackevicius, Ferraz, Dulce Aurélia de Souza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Saúde Coletiva
Departamento: Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/7989
Resumo: Introdução: A descentralização de cuidados às pessoas que vivem com HIV (PVHIV) da atenção especializada para a atenção primária à saúde é uma estratégia preconizada pelas diretrizes do SUS visando diminuir as desigualdades e maximizar acesso aos serviços de saúde para uma efetiva resposta ao HIV. Este estudo justifica-se pela necessidade de entendimento sobre como se dá o cuidado às PVHIV quando acolhidas na atenção primária à saúde (APS), porta de entrada do SUS e ordenadora do cuidado no sistema de saúde, sendo a maximização do acesso uma forma de superação de diferenças e vulnerabilidades. O objetivo desta pesquisa foi compreender como a integralidade tem sido operacionalizada no cuidado das PVHIV no âmbito da APS. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa com abordagem qualitativa, pautada nos referenciais teóricos de vulnerabilidade e Integralidade. Foi realizada pesquisa bibliográfica em artigos sobre a temática no SciELO e no PubMed. Após critérios elegíveis, foram obtidos 12 artigos, e extraídos dados considerando informações do contexto de locais e participantes das pesquisas, acesso e retenção das PVHIV às unidades de APS, manejo do HIV em presença de outras demandas em saúde e trânsito do PVHIV na Rede de Atenção à Saúde (RAS). Análise dos Resultados: As áreas em que algumas unidades de saúde estavam localizadas margeavam locais de extrema pobreza e vulnerabilidade e, por vezes, sofriam com o atravessamento da violência que representava um fator que limitava acesso a diagnóstico e tratamento. O estigma do HIV, associado à possibilidade de quebra do sigilo, poderia expor a PVHIV à violência simbólica e risco de morte em territórios permeados pela guerra do tráfico de drogas. Algumas unidades de saúde eram centro de formação de profissionais. A depender da conduta do profissional, vulnerabilidades e o racismo estrutural eram reforçados. A maioria das PVHIV caracterizadas era formada por pessoas pobres, do sexo feminino e pretas. Em alguns estudos, a localização da unidade de saúde representou uma vantagem para acesso e retenção. Em outros, a proximidade com a residência reforçava vulnerabilidades. A capacitação representou um critério para qualificar o cuidado multiprofissional. O uso de tecnologias auxiliou na continuidade de cuidados durante a pandemia da COVID-19. A linha de cuidados aos adultos e às crianças e adolescentes vivendo com HIV foi fortalecida com a corresponsabilização de cuidados entre atenção especializada e atenção primária, sendo a atenção primária a norteadora do cuidado e responsável por levar a pessoa a acessar outros níveis da RAS em caso de necessidade. Os dados foram apresentados e discutidos considerando dimensões políticas, organizacionais e relacionais da Integralidade, mostrando diferenças entre o que estava proposto nas políticas e como se dava a prática, na operacionalização do cuidado. Conclusão: Apesar do estímulo do governo federal à descentralização do cuidado à PVHIV, o número de pessoas atendidas na APS é incipiente. É necessária qualificação profissional e compromisso dos municípios para disponibilização de insumos e capacitação de profissionais para que a integralidade do cuidado seja operacionalizada de forma plena conforme preconizado pelo ministério da saúde.