Empatia e tomada de perspectiva e suas rela??es com o preconceito e o racismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Verzoni, Andr? Gava
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontif?cia Universidade Cat?lica do Rio Grande do Sul
Escola de Ci?ncias da Sa?de e da Vida
Brasil
PUCRS
Programa de P?s-Gradua??o em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8939
Resumo: Introdu??o: O preconceito ? um fen?meno psicol?gico, cognitivo e social em que ocorre uma atribui??o ou julgamento negativo que ? imposto a um indiv?duo em raz?o do seu pertencimento a um grupo social. Mudan?as sociais, culturais e legais que tem como objetivo a diminui??o do racismo, uma forma espec?fica de preconceito, fazem com que suas manifesta??es se tornem cada vez mais complexas e subjetivas, ainda que suas conseq??ncias negativas e preju?zos permane?am. No contexto da Psicologia, a hip?tese do contato de Allport emerge e permanece como uma das principais fontes que embasam meios de combater ou reduzir o preconceito. A hip?tese do contato sustenta que o estabelecimento do contato pode causar a aproxima??o e a diminui??o do preconceito entre grupos ou indiv?duos diferentes. Para que o contato ocasione efeitos ben?ficos deve haver igualdade de status entre os grupos na situa??o espec?fica do contato, objetivos em comum, coopera??o entre grupos e supervis?o e apoio de autoridades, leis ou costumes. A hip?tese do contato e a redu??o do preconceito apresentam como seus principais mediadores aspectos afetivos e cognitivos e seus representantes mais importantes, a saber, empatia e tomada de perspectiva. Objetivo: Compreender as rela??es entre preconceito, contato, empatia e tomada de perspectiva e a redu??o do preconceito racial. M?todo: Baseado em um experimento realizado no contexto norte americano, com delineamento quase experimental, explicativo e transversal, objetivouse investigar os efeitos do contato, empatia e tomada de perspectiva sobre a redu??o do preconceito racial. Foram realizados dois experimentos. O primeiro ? uma replica??o do experimento original. Nesse, os participantes escreveram um ensaio narrativo sobre um dia na vida de um homem negro e jovem retratado em uma fotografia. A amostra foi composta por 40 estudantes universit?rios entre 19 e 24 anos. Metade da amostra recebeu instru??es baseadas na tomada de perspectiva-outro e a outra metade recebeu instru??es para se manter objetivo e neutro. Posteriormente, todos os participantes responderam o Teste de Associa??o Impl?cita (TAI) sobre preconceito racial em sua vers?o para o computador. Os ensaios elaborados pelos participantes foram analisados qualitativamente com o programa de computador R. No segundo experimento, foi realizada uma varia??o do experimento original. Nesse, os participantes preencheram o Invent?rio de Empatia e depois foram orientados a escrever um ensaio narrativo sobre um dia na vida de um homem negro e jovem retratado em uma fotografia. Metade dos participantes recebeu instru??es baseadas na tomada de perspectiva-outro e a outra metade foi instru?da a se manter objetiva e neutra. Ap?s, todos os participantes responderam o Teste de Associa??o Impl?cita (TAI) sobre preconceito racial em sua vers?o para o computador e preencheram o Formul?rio sobre Contato Interpessoal. Resultados: No primeiro experimento, os resultados do TAI apontaram neutralidade em rela??o ao preconceito racial na amostra pesquisada, ou seja, n?o foi encontrado um vi?s de prefer?ncia por pessoas brancas ou negras. A an?lise dos ensaios revelou a aus?ncia de estere?tipos negativos, a presen?a de conte?dos que fazem parte da vida dos pr?prios participantes e uma elabora??o maior dos ensaios no grupo experimental. No segundo experimento, os resultados do TAI tamb?m apontaram neutralidade, ou seja, aus?ncia de vi?s de prefer?ncia, em rela??o ao preconceito racial nas condi??es experimental e controle. Al?m disso, foram encontradas correla??es positivas e negativas entre o Invent?rio de Empatia e suas subescalas e o Formul?rio sobre Contato Interpessoal. Discuss?o: No primeiro experimento, a neutralidade no resultado do TAI sugere que os jovens universit?rios brancos comp?em um grupo et?rio e social que apresenta n?veis neutros ou baixos de preconceito racial. Essa circunst?ncia pode ser parcialmente explicada pela discuss?o crescente sobre a esse tema no contexto brasileiro e o investimento do governo brasileiro em pol?ticas de promo??o da igualdade, acesso ? educa??o superior e fortalecimento da identidade de grupos sociais. Al?m disso, s?o discutidas pondera??es sobre as condi??es experimentais e de que formas o exerc?cio de tomada de perspectiva e empatia pode ter influenciado nos resultados do TAI. Sobre a an?lise dos ensaios, discute-se o conte?do dos mesmos, considerando que esses apresentam aus?ncia ou escassez de estere?tipos significativamente negativos sobre pessoas negras. No lugar de estere?tipos negativos, foram encontrados aspectos da vida de um jovem universit?rio com dificuldades decorrentes de uma rotina. S?o discutidas as diferen?as nos conte?dos dos ensaios do grupo experimental e controle. Nesse sentido, ? importante destacar a maior riqueza de detalhes e a presen?a de aspectos subjetivos, sobretudo em rela??o aos conte?dos negativos, apresentada pelo grupo experimental quando comparado ao grupo controle. No segundo experimento, a hip?tese de que ocorreria uma correla??o entre o resultado final do Invent?rio de Empatia e os n?veis de preconceito racial impl?cito (quanto maior o resultado da empatia, menor seria o racismo impl?cito medido pelo TAI) n?o se confirmou. ? poss?vel que o tamanho da amostra tenha impossibilitado a confirma??o dessa hip?tese, circunst?ncia que sugere a realiza??o de outras pesquisas sobre essas vari?veis. Al?m disso, a neutralidade e a pequena varia??o do resultado do TAI nas condi??es experimental e controle pode ter inviabilizado a correla??o com o Invent?rio de Empatia. As correla??es entre o Invent?rio de Empatia e suas subescalas e o Formul?rio sobre Contato Interpessoal s?o discutidas no sentido de compreender as rela??es entre contato e preconceito. A partir da media??o realizada pela empatia e tomada de perspectiva, s?o discutidas as influ?ncias conjuntas e din?micas de fatores cognitivos, afetivos e comportamentais sobre o preconceito e o racismo.