A estruturação do espaço urbano-regional a partir das obras de transposição do rio São Francisco (2007-2017): o exemplo de Salgueiro e entorno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rodrigues, André Paiva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16269
Resumo: Sob o diagnóstico de que as rebaixadas condições de vida da população do interior nordestino estariam essencialmente associadas à escassez de água, as ações governamentais na região do semiárido brasileiro historicamente estiveram relacionadas a grandes projetos de hidráulica de solução, centradas principalmente na construção de sistemas técnicos de contenção, armazenagem e distribuição de água que agem decisivamente sobre a organização espacial e formas de acumulação na região. A integração do Rio São Francisco com as bacias do Nordeste Setentrional (PISF) é o mais completo e recente exemplo desta longa tradição de intervenção do Estado no semiárido. À vista disso, o presente trabalho busca identificar impactos urbanos e regionais que a transposição das águas causou em partes do interior pernambucano, ao longo Eixo Norte do projeto, na região de Salgueiro e entorno. Inicialmente, partimos de elementos que permitiram evidenciar a disponibilidade hídrica oferecida por essas obras como arranjo cujo objetivo principal é a expansão e diversificação do agronegócio em áreas do semiárido – território que até então constituiu em área de reserva para esse setor. Posteriormente, observou-se que ao atingir estes territórios, as demandas por reestruturação produtiva promoveram e intensificaram vários processos de reordenamento territorial, tais como deslocamentos populacionais, urbanização, aumento e complexificação das relações cidade-campo e “ajustes” em suas morfologias, compondo uma maior interação técnica e econômica nestas áreas, bem como condições de sua integração a circuitos mais amplos de produção, consumo e inversões – adequado ou condizente com a atual fase de mundialização da economia que impõe crescentemente ao país um novo padrão de reprodução do capital, baseado em exportação de especialização produtiva (agromineral). Na sequência, verificou-se que a forte crise que se abateu sobre a política e economia do país, por ocasião de desmanche do lulismo e de suas políticas de desenvolvimento, levou para a região a reversão dos processos em curso, instaurando sobre seu território um novo perfil de crise, baseado em custo econômico de paralisação de projetos estruturantes – tornando-se a maior e, por hora, mais duradoura transformação ocasionada pelas obras de integração de bacias.