Matriz africana em Campinas: territórios, memória e representação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Martins, Alessandra Ribeiro
Orientador(a): Santos Junior, Wilson Ribeiro dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16117
Resumo: Matriz africana é toda herança ancestral cultural, territorial, monumental, lin-guística e organizacional, tanto em documentos e vestígios urbanos quanto na orali-dade, transmitidos pelos negros africanos escravizados e preservados no território pela memória através de manifestações, reinvenções e reterritorializações em Campinas em forma de grupos, marchas, cortejos, manifestações culturais, povos e comunidades tradicionais. Todas as manifestações têm como representação fundamental para sua existência e prática o compromisso com a transmissão de saberes, salvaguarda e preservação dessa ancestralidade africana, incluindo a luta permanente contra o racismo, discriminação e intolerâncias diversas. Essa tese desenvolveu um novo olhar sobre os espaços e territórios de matriz africana de Campinas, focando nas contribuições dos grupos, pontos de cultura, movimentos e manifestações culturais, comunidades tradicionais de terreiro (Umbanda, Candomblé etc) e na formação e reterritorialização contemporânea desses lugares. Para tanto, investigou a construção histórica, pós-abolição da escravidão e a aparente “invisibilidade” da matriz africana na cidade; as estratégias de apagamento oficial dessa memória e dos vestígios culturais; e analisou o processo de reconstituição dos registros e vestígios espaciais e culturais, tendo a Constituição de 1998 como base para a elaboração de políticas públicas referentes a essa matriz. Avaliou que a herança cultural de matriz africana em seus saberes, valores e práticas amplia sua visibilidade por meio da luta do movimento negro, dos grupos culturais e dos povos e comunidades tradicionais. Valorizar a riqueza desta contribuição implicou na obrigação e na contradição de reconhecer o lugar de subalternização e estereotipia conferidos aos negros e negras na sociedade brasileira e o compromisso com a transformação territorial desta realidade. Foi relevante perceber que a desigualdade espacial se incorpora à desigualdade social ao se fundirem, no espaço urbano, os interesses do capital, a ação do Estado e a luta de amplos segmentos da população como forma de resistência contra a segregação e pelo direito à cidade. A tese recuperou várias ações de pessoas e coletivos ligados à matriz africana que contribuíram, e ainda contribuem, para a construção de Campinas, mesmo quando em seu cotidiano essa cidade parece rumar para longe delas; Campinas, ao ser planejada, organizada e construída, enfrentou as escolhas de seus dirigentes e a atuação dos movimentos para que a população em sua totalidade fosse inserida. Foi aí que este trabalho se inseriu ao reelaborar a compreensão dessa identidade de matriz africana a partir da percepção das possibilidades de auto representação no espaço urbano pelas culturas locais.