Caracterização morfológica do sistema fluvial do Rio Demini (Amazônia Setentrional) com base em sensoriamento remoto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Édipo Henrique Cremon
Orientador(a): Dilce de Fátima Rossetti
Banca de defesa: Yosio Edemir Shimabukuro, Edvard Elias Souza Filho, Mário Luis Assine
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação do INPE em Sensoriamento Remoto
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Resumo em Inglês: Megafan depositional system consists of depositional landforms of wide geographic distribution (> 1$0^{3}$ k$m^{2}$) characteristical from regions of low relief (< 0.$1°$) and that presents drainage pattern typically distributary. These depositional systems are of great impact in wetland dynamics and phytophisionomy establishment, occurring in tectonically unsteady areas. The Amazonia basin is tipically dominated by tributary drainage. However, an intriguing fact is that the interfluve of the Negro and Branco Rivers displays a paleomorphology suggestive of a megafan close to Demini River. This work had the goal demonstrate the occurrence of this possible megafan with basis on remote sensing data, analyze its relationship with neotectonic activities, and verify their possible relationship with wetlands and with the associated floristic distribution. To approach this goal, the work was based on regional topographic characterization consisting of trend surface analysis derived from the digital elevation model (DEM) of the Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), morphological analysis provided by the hydroperiod product, wetland variability obtained from historical serial data based on TM/Landsat-5, and visual interpretation of these images. A phytophysiognomic map was based on the integration of optical (TM/Landsat) and SAR (PALSAR) products, with the aid of technics consisting of data mining and decision tree classification. Anomalies were interpreted and morphostructural lineaments were extracted based on drainage network and landscape morphology, the latter provided by both fusion of TM/Landsat and PALSAR; and use of color palette scheme applied to SRTM- DEM. The results showed that the study area has regional topographic pattern with concentric contour lines that are distributed radially from north to south, with a slope of 0.00$8°$. Remarkable features in this area are elongated and sinous belts that define a branched network with a distributive pattern, which were related to paleochannels. These characteristics leave no doubts that the study area records a megafan depositional system formed by the Demini River. In a regional analysis, the hydroperiod and the wetland variability revealed that the areas most suitable of flooding vary from west to east. The phytophysiognomies (Kappa = 0.93) do not occur randomly. Flooded forests dominate near modern river courses, while arboreous vegetation (terra firme forest and woody campinarana) colonizes paleochannel areas surrounded by grassy/woody campinarana vegetation. Morphostructural analysis revealed that the genesis of the Demini megafan is related to tectonic reactivations, which was suggested by the presence of several morphostructural anomalies and by lineaments preferential with NW-SE and NNE-SSW/NE-SW trending directions, compatible with regional tectonic structures.
Link de acesso: http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m19/2012/03.05.13.53
Resumo: Megaleques consistem em feições geomorfológicas deposicionais de ampla distribuição areal (> $10^{3}$ k$m^{2}$), características de regiões de baixa declividade (< 0,$1°$) e que apresentam padrão de drenagem tipicamente distributário. De grande impacto na dinâmica de áreas alagadas e no estabelecimento da fitofisionomia, esses sistemas deposicionais tem sido registrados geralmente em áreas tectonicamente instáveis. A bacia amazônica é tipicamente dominada por drenagem tributária. Entretanto, um fato intrigante é que o interflúvio entre os rios Negro e Branco apresenta paleomorfologia sugestiva de megaleque na região dominada pelo sistema fluvial do rio Demini. Este trabalho teve por objetivo demonstrar a ocorrência desse possível megaleque com base em dados de sensoriamento remoto, além de analisar sua relação com atividades neotectônicas e verificar suas possíveis relações com áreas alagadas e distribuição florística associada. Para isso, o trabalho baseou-se na caracterização topográfica regional, dada pela análise de superfície de tendência derivada do modelo digital de elevação (MDE) da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), análise morfológica dada por produtos de hidroperíodo, variabilidade de áreas alagadas obtida de séries históricas TM/Landsat-5, e interpretação visual dessas imagens. Um mapa de fitofisionomia foi elaborado com base na integração de produtos ópticos (TM/Landsat) e SAR (PALSAR), com auxílio de técnica de mineração de dados e classificação por árvore de decisão. Foram interpretadas anomalias e extraídos lineamentos morfoestruturais com base na rede de drenagem e morfologia da paisagem, esta última dada pela fusão de imagem TM/Landsat e PALSAR e pelo uso de esquema de paleta de cores no MDE-SRTM. Os resultados obtidos demonstraram que a área de estudo possui padrão regional topográfico com isolinhas concêntricas que se distribuem radialmente de N-S, em declividade de 0,00$8°$. Feição marcante dessa área é a presença de cinturões alongados e sinuosos que formam trama ramificada em padrão distributário, que foram interpretados como paleocanais. Essas características não deixam dúvidas de que a área de estudo registra sistema deposicional do tipo megaleque, formado pelo rio Demini. Em análise regional, o hidroperíodo e a variabilidade de áreas alagadas demonstraram que as áreas mais susceptíveis à inundação variam de oeste para leste. Já a fitofisionomia (Kappa=0,93) não ocorre aleatoriamente. Florestas alagadas predominam próximo aos cursos fluviais recentes, enquanto vegetação arbórea (floresta de terra firme e campinarana arborizada) colonizam áreas de paleocanais rodeados por campinaranas gramíneo-lenhosas. A análise morfoestrutural revelou que o megaleque Demini possui gênese relacionada com reativações tectônicas, o que foi sugerido pela presença de várias anomalias morfoestruturais e direção preferencial dos lineamentos NW-SE e NNE- SSW/NE-SW, compatíveis com estruturas tectônicas regionais.