Conhecimento ecológico local e distribuição espacial de tambaqui (Colossoma macropomum) em lagos de várzea da RDS Piagaçu-Purus, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Arantes, Murilo de Lima
Orientador(a): Freitas, Carlos Edwar de Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11247
http://lattes.cnpq.br/2386621754209009
Resumo: As populações de tambaqui (Colossoma macropomum), um Characidae de grande porte que tem seu ciclo de vida associado aos ambientes de várzea em rios de água branca na Amazônia, têm sido historicamente alvo de pescadores. Mais recentemente, em virtude da pressão pesqueira crescente nas ultimas décadas tornou-se necessário o desenvolvimento de estratégias para a exploração sustentável deste recurso. Zoneamentos aquáticos com lagos de uso (aberto para pesca) e preservação (fechado para pesca) têm sido utilizados com esse objetivo em Unidades de Conservação. Afim de subsidiar estratégias de manejo sustentável em áreas de várzea na Amazônia, este trabalho tem por objetivo analisar o conhecimento ecológico local (CEL) de pescadores ribeirinhos sobre o tambaqui e a influência de características ambientais sobre a abundância em lagos zoneados situados no setor Caua-Cuiuanã da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP). Este trabalho foi organizado em dois capítulos. No primeiro investigou-se o CEL dos pescadores da RDS-PP sobre tambaqui e as características da sua pesca, a fim de verificar o quanto este conhecimento se assemelha ou se diferencia das informações científicas e de que maneira pode contribuir para a melhoria do sistema de co-gestão da pesca existente nesta reserva. Foram entrevistados trinta e três pescadores no ano de 2013. Informações relevantes sobre etnotaxonomia, habitats, deslocamentos, reprodução, características das pescarias e regras para a gestão das pescarias de tambaqui foram fornecidas pelos pescadores e classificadas de acordo com o nível de concordância com as informações científicas. As informações úteis (“insights”) que ainda não foram estudadas pela ciência também foram consideradas. Os níveis de concordância identificado entre as informações científicas e o conhecimento ecológico local sobre o tambaqui abrem novas perspectivas para estudos ecológicos futuros na região do baixo rio Purus e criam oportunidades para incentivar a participação dos pescadores, por meio da utilização do conhecimento empírico destes, na co-gestão das pescarias de tambaqui. No segundo capítulo comparou-se a abundância relativa de tambaqui e parâmetros populacionais, bem como, a influência de características ambientais bióticas e abióticas sobre a distribuição espacial de tambaquis entre seis lagos de preservação e seis de uso, através de pescarias experimentais realizadas em 2012 e 2013. As zonas não diferem quanto às características limnológicas, mas distinguem-se quanto às características estruturais e quanto à densidade de zooplâncton. Foram capturados 296 indivíduos, sendo que a maior parte nos lagos de preservação. Estes lagos possuem mais adultos e os indivíduos são maiores em comprimento e peso. Os valores médios de CPUE entre os lagos foram estatisticamente semelhantes (p=0,06). A distribuição espacial parece ser influenciada pela densidade de zooplâncton (R²= 0,53, p<0,03) e a distribuição espacial de zooplâncton parece ser influenciada por características estruturais (R²= 0,66, p<0,001). Os resultados evidenciam um relativo sucesso no modelo de gestão da RDS-PP para a conservação do tambaqui e ressaltam a importância de zooplâncton na distribuição da espécie entre lagos na várzea. De modo geral e considerando os resultados dos dois capítulos, espera-se que estas informações possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias mais eficientes para a conservação do tambaqui na Amazônia Central.