Ecologia trófica do pirarucu (arapaima sp.) em ecossistemas de lagos de ria e de várzea na bacia amazônica central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Carvalho, Felipe de Moraes
Orientador(a): Freitas, Carlos Edwar de Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11236
http://lattes.cnpq.br/8830274815045672
Resumo: Ecossistemas de água doce neotropicais estão entre os ambientes mais produtivos e diversificados na Terra. A produtividade biológica dos rios tropicais é mantida pelos aportes de nutrientes, detritos e sedimentos e também pela variação sazonal do nível das águas, denominada de pulso de inundação, o qual cria áreas ribeirinhas adjacentes ao rio, que se alternam entre as fases terrestre e aquática (várzea, igapó, floresta inundada, etc.). Esses locais apresentam uma alta diversidade de feições como lagos de várzea, canais de conexão, floresta inundada, dentre outros. Em contraste, na borda da planície de inundação, diferentes tipos de habitats chamados lagos de ria somente são influenciados pela água branca dos rios durante o período da cheia amazônica. Estes lagos foram formados através da erosão de antigos tributários durante os períodos glaciais e posterior represamento exercido pelo canal principal do rio durante períodos interglaciais, o que resultou no “afogamento” da porção mais baixa destes tributários. Lagos de ria são tipicamente dendríticos em sua morfologia e possivelmente mais dependentes de inputs terrestres do que os lagos de várzea. Tal como acontece com a maioria das cadeias alimentares tropicais, ambiente de várzea e lagos de ria são influenciados por uma abundância de matéria orgânica e detritos, resultando em uma ictiofauna dominada principalmente por peixes detritívoros e onívoros. A onivoria é uma importante adaptação que permite aos peixes lidarem com a variabilidade sazonal na composição das presas. Algumas espécies que estão no topo da cadeia alimentar, como o pirarucu, exercem importante função ecológica sobre a regulação e transferência de energia no ecossistema. O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a ecologia trófica de um dos peixes mais ameaçados na Amazônia, o pirarucu (Arapaima sp.). A coleta dos organismos ocorreu durante a estação da seca de 2013 na pesca manejada do pirarucu (N = 70). A análise de conteúdo estomacal foi combinada com a metodologia de isótopos estáveis para inferir sobre o nível trófico e as fontes de energia do pirarucu em lagos de várzea e ria. O estudo foi realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP), baixo Rio Purus, à 223 km da cidade de Manaus, Amazonas. Os resultados confirmam constatações anteriores sobre a dependência da dieta do pirarucu por organismos com baixa posição na cadeia alimentar como peixes onívoros e detritívoros. Enquanto no lago de ria a maioria dos estômagos amostrados estavam cheios, nos lagos de várzea estômagos vazios foram predominantes. Dessa maneira, lagos de ria tendem a ser um importante habitat para a alimentação do pirarucu durante a seca, uma vez que permanecem interligados com uma extensa rede de drenagem e canal principal do rio durante todo o ano. Análises de isótopos estáveis de nitrogênio (δ15N) mostraram que o pirarucu muda o nível trófico através da ontogenia e que a espécie deve ser considerada como piscívora. A análise das fontes autotróficas indicaram que o fitoplâncton e árvores da floresta inundada são as principais fontes de energia para o pirarucu.