Interpretação ambiental e envolvimento comunitário: ecoturismo como ferramenta para a conservação do boto-vermelho, Inia geoffrensis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Romagnoli, Fernanda Carneiro
Orientador(a): Silva, Vera Maria Ferreira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11222
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4713416D1
Resumo: Um tipo de turismo de natureza que cresce rapidamente em todo o mundo é o voltado à observação de baleias e golfinhos. Esta atividade é considerada como potencial medida de conservação; no entanto, se desordenada, pode causar efeito inverso. Na Amazônia, a espéciealvo é o boto-vermelho, Inia geoffrensis. Endêmico da região tem relevante função ecológica e cultural. Mudanças no comportamento de pescadores e capturas intencionais tornaram-se ameaças à espécie, assim como o turismo desordenado. Diante da necessidade de se adotar medidas para sua conservação, o ecoturismo pode ser uma ferramenta útil. Nele os recursos naturais são usados de forma indireta; há a aplicação de valores éticos que direcionam o comportamento do turista e valorizam o aspecto educacional. Dois de seus princípios fundamentais são a interpretação ambiental, cujo objetivo é auxiliar o visitante na conscientização do valor do local de modo que possa adotar práticas mais sustentáveis no seu cotidiano e o envolvimento dos moradores locais, que exercem papel fundamental na conservação ambiental por serem os principais interessados. Assim, o objetivo geral do estudo foi verificar a importância desses dois princípios no turismo de interação com Inia geoffrensis, de modo a que estas atividades contribuam com sua conservação. O estudo foi baseado em entrevistas semi-estruturadas com turistas, guias de turismo e moradores locais. As análises mostraram que os turistas estão abertos a aprender sobre a biologia e conservação do boto-vermelho, porém as experiências turísticas existentes atualmente fornecem pouca informação. Observamos, também, que turistas integrantes de grupos de excursão, geralmente acompanhados por guias de turismo, tiveram experiências mais positivas do que turistas independentes, revelando a importância dos guias na promoção de interações positivas. As entrevistas com os guias, contudo, evidenciaram as deficiências das informações fornecidas. As entrevistas com os moradores locais focaram sua percepção sobre os botos, sobre o turismo de interação com botos e sobre seus conhecimentos, intenções e atitudes em relação à conservação dos botos. A maioria dos residentes (especialmente mulheres) enxerga os golfinhos como seres misteriosos e potencialmente perigosos, um claro resquício das lendas sobre os botos encantados, que ainda influenciam a percepção dessas pessoas. Curiosamente, não foi encontrada correlação entre as atitudes dos moradores quanto aos botos e sua relação ou não com o turismo de interação com botos. Muitos residentes percebem que esta atividade é benéfica ao município, apesar de poucos serem beneficiados economicamente. Este estudo mostra que o turismo de interação com botos, atualmente, não gera sensibilização suficiente para promover a conservação da espécie, apesar de promover certa abertura nas pessoas, tanto turistas como residentes. Assim, vemos um enorme, mas inexplorado potencial para a educação ambiental de modo a promover a conservação do boto-vermelho nestes e em outros locais da Amazônia. Foram traçadas propostas para o ordenamento do turismo envolvendo o boto-vermelho.