Conhecimento e consumo de plantas alimentícias em cinco comunidades da reserva de desenvolvimento sustentável Piagaçu-Purus, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Machado, Clara de Carvalho
Orientador(a): Kinupp, Valdely Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12772
Resumo: O estudo da alimentação na Amazônia enfatiza o consumo de peixe e farinha como dieta básica de diferentes povos, enquanto os vegetais, principalmente frutas, são consumidos de forma esporádica e sazonal. Em um cenário de transição nutricional, com crescente inserção de produtos industrializados na dieta, a alimentação tradicional e o consumo de produtos regionais vêm sofrendo transformações que impactam a saúde, a autonomia e o modo de vida de populações tradicionais. Estudos etnobotânicos tendem a sinonimizar conhecimento teórico e uso efetivo de plantas, porém, nem sempre estes são compatíveis. Sendo assim, este estudo pretendeu avaliar o conhecimento teórico e o efetivo consumo de plantas alimentícias em comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus. O nível de acesso e características socioculturais das comunidades foram consideradas, como também as diferentes estações hidrológicas do rio Purus. Através de listagens livres e recordatório 24 horas foram entrevistados 288 moradores das cinco comunidades com idade entre 4 e 86 anos. O levantamento do conhecimento botânico das comunidades participantes demonstra um rico conhecimento de plantas alimentícias, com 220 espécies identificadas mas, ainda observa-se alguma monotonia alimentar, com pouco consumo cotidiano de toda esta diversidade vegetal conhecida. O consumo de plantas é mais diverso na estação cheia do rio, possivelmente devido ao acesso facilitado às áreas de floresta inundável, além da dinâmica agrícola local e a sazonalidade da floresta. A monotonia alimentar e a dependência de recursos externos para alimentação são ameaças à segurança e, especialmente, à soberania alimentar de algumas comunidades. Apesar de sazonal, o consumo de plantas conhecidas e culturalmente aceitas pode ser intensificado com adoção de princípios agroecológicos como a diversificação de roçados e sítios; maior participação das mulheres nas tomadas de decisões agrícolas e alimentícias e valorização do conhecimento culinário tradicional e dos produtos e ingredientes regionais.