Conhecimento, atitudes e práticas sobre a transmissão oral da doença de Chagas e a interferência da cultura alimentar da Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Farias, Danielle Carneiro
Orientador(a): Chaves, Tânia do Socorro Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4410
Resumo: Introdução: O estado do Pará possui o maior número de casos confirmados de doença de Chagas (DC), sendo relevante a prevalência na Amazônia em decorrência principalmente da transmissão oral, pelas condições precárias da produção de alimentos como o açaí, marcado pela forte cultura alimentar. Segundo dados oficiais do Relatório anual de gestão do Setor de Atendimento Médico Unificado – SOAMU – do Instituto Evandro Chagas (IEC), em 2018 foram registrados 125 casos confirmados de DC. O conhecimento prévio da população, suas crenças e atitudes interferem diretamente na propagação ou prevenção da doença por meio de suas práticas rotineiras, o estudo conhecimento, atitudes e práticas (CAP) pode ser uma importante ferramenta ou meio de prevenção em doenças negligenciadas como a DC. Objetivo: Investigar o conhecimento e a percepção de riscos sobre o consumo de açaí e alimentos afins como possível forma de transmissão da doença de Chagas, entre usuários do SOAMU/IEC, relacionando o conhecimento popular com as práticas adotadas pela população. Métodos: Estudo transversal, descritivo com utilização de abordagem quanti-qualitativa, do tipo inquérito CAP – Conhecimento, Atitudes e Práticas - por meio de questionário modular e análise das variáveis que possam interferir no padrão de vida e propagação ou prevenção da DC. Os conceitos foram definidos de acordo com a realidade da pesquisa como sendo: conhecimento – toda informação e percepção já adquirida pelos indivíduos; atitudes – a compreensão dos riscos e crenças acerca do açaí; e práticas – como produto dos dois que expressa o que exatamente a população pratica como forma de prevenção e controle da doença. Resultados: Participaram da pesquisa 251 usuários do SOAMU, dentre eles 66,14% do sexo feminino, na faixa etária média de 38,3 anos de idade, em sua maioria da zona urbana (92%) com renda familiar de até dois salários mínimos (72,5%) e ensino médio (50,60%). Sobre as condições sanitárias um expressivo percentual possui rede de esgoto (87,6%), saneamento básico (74,5%) e água potável (90,8%), mas a maioria usa água mineral engarrafada (59,4%). Em relação ao conhecimento 81,7% sabem o que é DC, 83,7% sabem como se adquire a doença e 82,5% sabem sobre o vetor, porém a maioria não sabe como evitar a transmissão oral da doença (59,8%). Conclusão: O estudo revelou a importância da orientação à população sobre as doenças veiculadas por alimentos (DVA´s), em especial pela cultura alimentar amazônica, figurando o açaí como alimento popular importante sob condições precárias de fabricação, faz-se então necessária a fiscalização mais ativa da vigilância sanitária nos pontos de produção e venda de alimentos in natura. A educação em saúde da população, é essencial como ferramenta de controleem saúde pública, em especial sobre o CAP para doença de Chagas, uma endemia urbana e negligenciada na Amazônia com elevado impacto social.