Perfil clínico-epidemiológico de um surto de doença de Chagas na região nordeste do Pará e cenário atual 11 anos após o evento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nascimento, Alex Francisco Pinto do
Orientador(a): Pinto, Ana Yecê das Neves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4405
Resumo: No Brasil nos últimos anos, a Doença de Chagas tem ocorrido de forma mais frequente, em especial na região Amazônica. A doença pode ser transmitida de cinco diferentes formas e, no caso da transmissão oral, acomete dois ou mais membros da mesma família simultaneamente, em ocorrências de padrão repetitivo e acometimento multifamiliar. Objetivou-se com este estudo descrever mais uma destas ocorrências de perfil repetitivo de um surto familiar de Doença de Chagas Aguda de forma retrospectiva e o estado de saúde atual dos acometidos, onze anos após a ocorrência do surto agudo. Foi realizado um estudo descritivo retrospectivo com componente transversal prospectivo. Foi analisado um grupo multifamiliar de habitantes do município de Barcarena, localidade Laranjal, acometido por um surto de Doença de Chagas em fase aguda em outubro de 2007 (famílias-caso). Foram acessadas informações do grupo famílias-caso para realização de duas avaliações: a primeira em seus prontuários clínicos analisados na referência em seguimento do IEC e a outra realizada transversalmente em 2019. Para o estudo prospectivo, além do grupo famílias-caso, um segundo grupo multifamiliar (famílias-controle) foi analisado. Para este grupo elegeu-se pessoas vizinhas e residentes no mesmo local, convidadas a participar voluntariamente, sendo, portanto, submetidas a uma avaliação atual. Para este grupo foram realizadas reavaliações clínicas e epidemiológicas, tanto em visitas domiciliares de campo quanto em consultas programadas para realização de exames cardiológicos. Em outubro de 2007, 13 pessoas da mesma família foram acometidas por um surto de Doença de Chagas de transmissão por via oral, em fase aguda, diagnosticadas essencialmente por método sorológico, sendo os exames parasitológicos positivos em 30,7% (4/13) deles. Demonstraram clinicamente síndrome febril prolongada em 92,3%, cuja apresentação sugeriu transmissão por via oral. Receberam tratamento específico, com exceção de um deles (7,69%) em virtude de efeitos colaterais. Foram encontrados animais didelfídios e insetos triatomíneos da espécie Rhodnius pictipes infectados por Trypanosomas, formando colônias em palmeiras próximas das residências. Na avaliação atualizada do grupo famílias-caso, todos demonstraram persistência de anticorpos IgG com médias de títulos de anticorpos IgG antiT. cruzi baixos e não houve nenhuma evolução para cardiopatia crônica entre eles. Ocorreu um óbito por causa desconhecida dez anos após a fase aguda. O grupo famílias-controle demonstrou 64,38 % (11/14) sorologias positivas para anticorpos IgG anti -T. cruzi medidos por RIFI e foram encontradas alterações eletrocardiográficas em 50% (5/10) deles, sendo compatíveis com Doença de Chagas crônica incluindo um portador de marcapasso. Foram encontradas diferenças significativas de acometimento cardíaco quando comparados indivíduos tratados em fase aguda e indivíduos não tratados e conviventes sob as mesmas condições ambientais e sanitárias.