Detecção de Trypanosoma cruzi em açaí: contribuição para o estudo da transmissão oral da Doença de Chagas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ferreira, Renata Trotta Barroso
Orientador(a): Leite, Paola Cardarelli
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/36365
Resumo: No Brasil, dentro e fora da Amazônia, vários casos de doença de Chagas aguda (DCA) foram registrados como surtos caracterizados por grupos de indivíduos reunidos em um só lugar, que, ao ingerir o mesmo tipo de alimento, adoeceram quase simultaneamente com febre e manifestações gerais de uma infecção sistêmica. Até o ano de 2004, a ocorrência da DCA por transmissão oral, relacionada ao consumo de alimentos, constituía um evento pouco conhecido ou investigado. Atualmente tornouse frequente na região amazônica e está relacionada à ocorrência de surtos recentes em diversos estados brasileiros. Os recentes casos de DCA no Brasil estão relacionados com o consumo de suco de açaí onde a contaminação da própria fruta ou polpa ocorre através de resíduos de animais reservatórios ou insetos vetores infectados com o Trypanosoma cruzi em áreas endêmicas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia de análise baseada na PCR para que produtos à base de açaí pudessem ser analisados quanto à presença de DNA de T. cruzi. Foram testados quatro métodos de extração de DNA e cinco pares de iniciadores para o ensaio de PCR. O método baseado no tampão CTAB foi escolhido e posteriormente uma validação desse método foi realizada. O método com o alvo nas sequências subteloméricas dos tripanosomatídeos foi escolhido para os ensaios de PCR e para isso foram realizados testes para avaliação de desempenho do método (limite de detecção, seletividade e estudo matriz). Após implantação do método, 140 amostras de alimentos à base de açaí foram coletadas no comércio dos estados do Rio de Janeiro e Pará. Treze amostras apresentaram resultado positivo para presença de T. cruzi. A caracterização molecular foi realizada seguindo o método da PCR multilocus e o resultado das amostras mostrou a prevalência dos genótipos TcI, TcIII e TcV. Este trabalho mostra pela primeira vez uma avaliação higiênico-sanitária quanto à presença de T. cruzi em amostras de alimentos à base de açaí coletadas no comércio do Pará e Rio de Janeiro, bem como a caracterização genotípica dessas amostras. A disponibilidade de um método para detecção de T. cruzi em alimentos será uma ferramenta poderosa na investigação epidemiológica de surtos, transformando evidências epidemiológicas em dados comprobatórios de que alimentos estejam efetivamente contaminados com T. cruzi. Além disso, facilitará o controle da qualidade dos alimentos e a avaliação das boas práticas de fabricação que envolvem produtos à base de açaí. Apesar de existirem importantes estratégias sendo implementadas, o Brasil ainda se encontra num estágio embrionário e pontual no combate à doença de Chagas transmitida pelo consumo de açaí. São necessárias ainda estratégias para garantir a inocuidade do açaí mantendo suas propriedades sensoriais e nutricionais. Assim as Boas Práticas de Higiene, Boas Práticas de Manufatura e a aproximação entre instituições de ciência e os produtores de açaí são essenciais para contribuir na solução deste problema.