Associação entre arboviroses e padrão alimentar de uma população rural da área metropolitana de Belém - Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carvalho, Vanessa Lima
Orientador(a): Martins, Lívia Caricio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4419
Resumo: As arboviroses, que correspondem a um grupo de infecções virais causadas por diversos vírus que compartilham a característica de transmissão por artrópodes, principalmente mosquitos hematófogos, têm emergido e reemergido em diversas partes do mundo, como por exemplo, na Amazônia Brasileira. Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento das manifestações clínicas das arboviroses em seres humanos, dentre as quais pode se destacar o padrão alimentar, por exercer influência direta sobre o sistema imunológico. O objetivo deste trabalho foi investigar a ocorrência de arboviroses durante um surto febril em uma população rural do município de Santa Bárbara - área metropolitana de Belém-Pará, relacionando as manifestações clínicas ao padrão alimentar. O estudo foi do tipo analítico, de natureza transversal e quantitativa, contendo variáveis qualitativas e uma quantitativa, realizado no Assentamento Expedito Ribeiro, município de Santa Bárbara do Pará, no estado do Pará. A amostragem do estudo foi composta por 95 indivíduos durante um surto febril, dos quais foram coletadas amostras de sangue para análise laboratorial das arboviroses, bem como foi feita a aplicação de formulário clínico-epidemiológico e alimentar. Dos 95 indivíduos que compuseram a amostra, 52,63% eram do sexo feminino, 18,96% tinham entre 24 a 34 anos e 36,83% eram agricultores. Mais da metade (57,89%) apresentou manifestações clínicas, 65,45% teve tempo de doença entre 0 a 10 dias e 27,37% tinha algum antecedente mórbido pessoal, sendo a hipertensão arterial sistêmica e a febre do Mayaro os mais prevalentes. Após as análises laboratoriais de sorologia (IH e ELISA IgM), isolamento viral em células C6/36 e detecção do genoma viral (RT-qPCR), realizou-se o diagnóstico final dos casos, sendo 12,63% negativos para arbovírus (excluídos do estudo), 35,79% negativos assintomáticos (grupo controle), 47,37% Oropouche, 2,11% Oropouche e Chikungunya, 1,05% Mayaro e 1 caso foi inconclusivo. Com relação às manifestações clínicas, as mais relatadas foram febre, cefaleia, artralgia, mialgia, anorexia, dor retro orbitária, náuseas/vômitos, exantema, diarreia, prurido, calafrio, tontura, prostração, dor abdominal e dor nucal. Com relação ao padrão alimentar, a base da alimentação da população é composta por alimentos considerados saudáveis, com baixa frequência de consumo de produtos industrializados. Entretanto, quando se analisou o consumo dos grupos a limentares em porções diárias, segundo recomendação do Ministério da Saúde, a maioria da população (54,35%) apresentou padrão alimentar classificado como “ruim”. Quanto às análises de comparação, só se observou significância estatística entre padrão alimentar e classificação quanto à presença de sintomas (p<0,05), sendo que após a análise de correspondência, os casos sintomáticos foram mais associados a um padrão alimentar ruim, enquanto os assintomáticos foram mais associados ao padrão alimentar bom. Assim, conclui-se que existem arbovírus dos gêneros Flavivirus, Alphavirus e Orthubunyavirus circulando na área de estudo, sendo que se tratou de um surto de febre do Oropouche. Também existem vírus circulando de forma silenciosa na região que podem desencadear novos surtos no futuro. Houve associação entre padrão alimentar e desenvolvimento de sintomas de arboviroses, caracterizando a alimentação como um fator de proteção contra o desenvolvimento de manifestações clínicas.