A febre do Oropouche: o olhar retrospectivo de uma década

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cravo, Layna de Cássia Campos
Orientador(a): Azevedo, Raimunda do Socorro da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/6742
Resumo: O Vírus Oropouche orthobunyavirus (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil, em uma amostra de sangue de uma preguiça, durante a construção da rodovia Belém-Brasília em 1960, e desde então até a década de 1980 surtos foram identificados no estado do Pará. Posteriormente outras epidemias foram relatadas no Pará, Amazonas, Amapá, Tocantins, Rondônia, Acre, Maranhão e Goiás e mais recentemente o OROV tem sido detectado em outras regiões do país como em Mato Grosso e Espírito Santo. Apesar do seu alto potencial de disseminação, algumas questões ainda permanecem desconhecidas, por isso é necessário um melhor entendimento e o conhecimento da incidência desta arbovirose na população brasileira. Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo (janeiro/2010 a dezembro/2019), que se dará por meio da análise de banco de informações de testes sorológicos (IH e ELISA) e fichas de cadastro de pacientes investigados na SARRB/IEC no período proposto. O estudo visa principalmente identificar a circulação do OROV, avaliar a ocorrência de febre do Oropouche, investigar a dispersão ao longo do tempo do OROV no território brasileiro e identificar a ocorrência endêmica ou epidêmica de febre do Oropouche. As arboviroses que tem esse complexo ciclo entre hospedeiros, patógenos e vetores, está também sob alta influência das condições ambientais, e o conceito One Health pode contribuir significativamente no controle e prevenção de doenças zoonóticas como as arboviroses. O estudo apresentou 1668 casos positivos para inibição da Hemaglutinação (IH) e 156 casos positivos para IgM (ELISA). A investigação para IH contemplou 15 estados brasileiros, citando as regiões Norte (1634/ 98%) - Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins; Nordeste (19;1,1%) - Piauí, Alagoas, Bahia e Maranhão; Centro-Oeste (14; 0,8%) - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e Sudeste (1; 0,1%) - Espírito Santo. Na investigação para IgM identificou-se casos no Pará (127/ 81,4%), Roraima (14/ 9%), Acre (4/ 2,6%), Rondônia, (4/ 2,6%), Amazonas (3/ 1,9%), Amapá (2/ 1,3%) e Tocantins (2/ 1,3%), com ocorrência em 32 cidades, todas na região Norte do país. Tanto nos casos de IH, quanto nos casos de IgM, a amostra apresentou maior acometimento no sexo feminino e durante a idade produtiva (21 a 60 anos). A amostra de 2013 a 2019 demonstrou de modo geral uma maior circulação e ocorrência de casos nos meses entre janeiro a abril. Foram ainda referidos pelos pacientes os sintomas com maior frequência febre (91; 80,5%), cefaleia (67; 59,3%), artralgia (67; 59,3%), mialgia (67; 54%), exantema (39; 34,5%). A compreensão da circulação crescente e ocorrência silenciosa da Febre do Oropouche deve trazer um alerta para governantes e gestores de saúde para promover o controle e prevenção de novos surtos.