"Não é normal eu não amar meu filho" : significados de maternidades e sujeito-mãe em duas instâncias midiáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lauxen, Jéssica
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/8426
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo analisar significados sobre maternidade e sujeito-mãe presentes em dois artefatos midiáticos. Insere-se na linha de pesquisa de Educação Científica: implicações das práticas científicas na constituição dos sujeitos, visto que tem como tema a maternidade e a constituição do sujeito-mãe, a partir de práticas sociais que se estabelecem através das mídias. Utilizamos como referencial teórico os Estudos Culturais em suas vertentes pós-estruturalistas, por permitirem que se faça uma análise cultural das mídias, considerando a linguagem como produtora de significados. Para operar com este corpus de análise, utilizamos o roteiro proposto pela autora Fischer (2013) para análise de produtos televisivos e também pressupostos da Análise Cultural. Dois artefatos midiáticos fazem parte do corpus de análise da pesquisa. O primeiro é um episódio veiculado no programa Profissão Repórter, da Rede Globo, intitulado "Depressão pós-parto", que apresentou duas facetas da maternidade: mães que diziam estarem doentes por não amarem suas/seus filhas/os e mães que são chamadas de "desromantizadas", pois escrevem e falam sobre as dificuldades em ser mãe. A partir deste episódio, chegamos ao segundo artefato, uma postagem referente a um desafio realizado no Facebook, onde uma das mães entrevistadas no programa fez uma postagem em resposta ao desafio da maternidade, criando assim o desafio da maternidade real (#desafiodamaternidadereal), em que escreve sobre amar seu filho, mas odiar ser mãe. Dentro da perspectiva da doença depressão pós-parto, constatamos o quanto esta carrega o discurso científico como única e exclusiva explicação, uma vez que as alterações hormonais explicariam o desenvolvimento da patologia, e o quanto o episódio (re)produziu modos de ser mãe mais legitimados que outros. Já o desafio apresentou diversas críticas, uma vez que trouxe ao debate outras possibilidades de ser mãe, promovendo rupturas no discurso hegemônico da maternidade, mostrando o quanto práticas culturais estão imbricadas na questão maternal. Podemos afirmar que tais artefatos ensinam e reforçam modos considerados mais legitimados de exercer a maternidade, reforçando e reproduzindo discursos hegemônicos em relação ao exercício da maternidade, colaborando para a existência de discursos que interpelam as mulheres a desempenharem determinadas regras maternas.