O verso e o reverso das relações escolares: um olhar de gênero sobre o uso dos tempos em uma escola municipal da cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Telles, Édna de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-27022015-114010/
Resumo: Este trabalho teve como objetivo investigar os significados de gênero presentes nas relações entre as crianças e destas com as pessoas adultas nos diversos tempos escolares. Trata-se de uma etnografia educacional que priorizou como campo de pesquisa uma classe de quarto ano do ciclo I (antigo primário) da escola pública municipal Carlos Drummond, na cidade de São Paulo. Na dissertação, os significados de gênero são discutidos a partir do diálogo com diversos autores/as, entre eles Scott, Connell, Nicholson, Giroux, Apple, Enguita e Thorne. A análise dos tempos escolares, que pretende evidenciar como a organização escolar concorre para uma disicplinarização pautada na construção de corpos escolarizados, tem a perspectiva foucaultiana como base. Da investigação, que foi desenvolvida em campo no decorrer de todo um ano letivo, constaram: observações sistemáticas do cotidiano dos tempos escolares, entrevistas semi-estruturadas realizadas com as crianças, questionários dirigidos às suas famílias e a sua professora, estudo de documentações acerca da escola. A análise de todo o material coletado nesse processo, em que as crianças foram vistas como personagens centrais e tiveram valorizadas suas experiências e opiniões, mostra como se produzem e reproduzem estereótipos de gênero pautados em relações de poder na escola. Demonstra, no entanto, que esse poder não é unilateral, que as crianças não necessariamente internalizam os estereótipos de que são vítimas em suas condições de gênero, raça/etnia, idade e classe social, reproduzindo-os em suas relações, mas opõem-se a eles, contestando-os e desenvolvendo formas de oposição. Foi possível destacar, ainda, que a organização dos tempos escolares, em sua extrema preocupação com o exercício do controle e da disciplinarização, não contempla a diversidade e a dinâmica dos diversos ritmos e significados vivenciados pelos alunos e pelas alunas na escola, avaliando-os/as com parâmetros distantes de sua realidade. Assim, ao contrário do desejado, tronou-se evidente também a ausência de um questionamento crítico sobre a organização dos tempos na escola, sobre gênero e poder, revelando que o pensamento educacional tem dificuldade para acompanhar as mudanças históricas e a dinâmica das relações sociais, bem como a transformação das mesmas, o que muitas vezes o impede de contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática.