Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Leal, Izabel Alves |
Orientador(a): |
Oliveira, Marilia Santini de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44514
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: Desde sua entrada no Brasil, o Zika vírus (ZIKV) foi relacionado a uma gama de alterações clínicas em fetos de gestantes infectadas. Além das alterações neurológicas, foram descritas as osteoarticulares, auditivas e oculares, constituindo atualmente o amplo espectro da Síndrome da Zika Congênita. O motivo pelo qual alguns lactentes nascem gravemente acometidos enquanto outros se apresentam assintomáticos ainda está sob investigação. Por ser uma infecção congênita, a análise da placenta pode contribuir para responder a esta questão. OBJETIVO: Estudar a histopatologia placentária na infecção vertical pelo ZIKV e sua relação com as alterações clínicas no primeiro ano de vida. METODOLOGIA: Estudo prospectivo de 60 binômios mãe-bebê com infecção por ZIKV comprovada na gestação ou período perinatal por RT-qPCR, cujos partos foram realizados em um hospital terciário no Rio de Janeiro, Brasil, em que a análise histopatológica da placenta e o acompanhamento clínico dos bebês até 12 meses de vida ocorreram no mesmo hospital. RESULTADOS: ZIKV foi mais diagnosticado no primeiro trimestre de gestação (48%). Quase 80% das 60 placentas analisadas apresentaram células inflamatórias: vilosite grau 1 foi o achado mais frequentemente encontrado (55%), seguido de vilosite grau 2 (15%) e vilosite de alto grau (8%). Em 22% não identificamos vilosite. O retardo da maturação vilosa (graus 2 e 3) foi o achado estromal mais frequente (62%), seguido de fibrose (45%), presença de células de Hofbauer (37%) e espessamento perivascular (30%). Classificamos as placentas em 4 grupos para análise estatística: com inflamação e alteração estromal (63% dos casos), com inflamação sem alteração estromal (15%), com alteração estromal sem inflamação (10%), e com alterações mínimas (12%). Dos 60 recém-nascidos (RN), 13% foram prematuros e 20% nasceram pequenos para idade gestacional (PIG) Microcefalia ao nascimento foi encontrada em 32% dos RN, sendo 28% microcefalia grave. Nós avaliamos 52 pelo menos mais uma vez entre 6 e 12 meses de vida. Alteração neurológica clínica foi observada em 22 bebês (22/59, 37%), e detectada ao exame de imagem de sistema nervoso central em 41% (24/59). Além disso, 36% (21/59) foram diagnosticados com epilepsia. Encontramos em 20% (12/60) pelo menos uma deformidade osteoarticular já presente ao nascimento ou diagnosticada ao longo do ano. Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) esteve alterado em 18% (10/55). Também 32% (19/60) tiveram alteração ao exame de fundoscopia. Dos 33 lactentes nascidos assintomáticos e submetidos ao Teste de Bayley III, 18% (6/33) tiveram alteração em pelo menos um domínio. As variáveis estatisticamente significativas em relação aos grupos de acometimento placentário foram peso ao nascimento (p\22640,05) e perímetro cefálico (PC) entre seis e 12 meses (p<0,05). CONCLUSÃO: Em fetos expostos ao ZIKV, placentas com inflamação e alteração estromal estão associadas a baixo peso para idade gestacional ao nascer e reduzido PC após seis meses de vida. De modo inverso, fetos com placentas de alterações mínimas parecem ter menos alterações no desenvolvimento clínico em seu primeiro ano de vida. |