Investigação de caso autóctone de leishmaniose visceral canina na região de Jacaré, município de Niterói, Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Oliveira, Amanda Codeço de
Orientador(a): Périssé, André Reynaldo Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24490
Resumo: A leishmaniose visceral americana (LVA) representa um importante problema em saúde pública para o Brasil, sendo o cão doméstico considerado uma fonte de infecção para o principal vetor da enfermidade, a espécie Lutzomyia longipalpis. A partir do primeiro caso notificado em cão de LVA no Jacaré, Niterói/RJ, realizou-se um inquérito epidemiológico canino com levantamento entomológico objetivando avaliar a extensão da doença na localidade, bem como a utilização de um questionário, a fim de descrever as características dos proprietários desses animais. O inquérito canino utilizou amostras de soros coletadas ao redor do caso índice, examinadas por meio do teste rápido de imunocromatografia em dupla plataforma, do ensaio imunoenzimático (ELISA) e da reação de imunofluorescência indireta (RIFI), onde adicionalmente nos animais reagentes em ao menos um desses exames foi realizado diagnóstico parasitológico. O levantamento entomológico foi realizado por meio de armadilhas luminosas e coleta manual. O questionário abordou aspectos socioeconômicos, educativos sobre zoonoses e leishmaniose, de convivência e assistência aos cães. Os resultados foram apresentados em dois manuscritos a serem submetidos para publicação: o primeiro descrevendo os resultados obtidos do inquérito canino e no levantamento entomológico, onde as associações entre variáveis caninas coletadas e o desfecho (ELISA e RIFI reagentes) foram avaliadas pelo teste qui-quadrado e ajustadas pela regressão logística multivariada para variáveis com p<0,1 na análise bivariada, no qual foram encontrados 17 casos de LVA entre os 110 cães avaliados (prevalência de 15,5%), estando associados ao desfecho a presença de ectoparasitas (OR 6,5; 95%CI 1,1-37,4), os animais sintomáticos (OR 9,5; 95%CI 1,2-76,6) e os casos prévios de LVA canina na residência (OR 17,9; 95%CI 2,2-147,1), não sendo detectada a presença de Lutzomyia longipalpis. O segundo manuscrito, concentrou as informações dos proprietários que tiveram seus cães incluídos na investigação epidemiológica, onde as perguntas contidas no questionário foram posteriormente analisadas com a presença de casos caninos da enfermidade, por meio de análises estatísticas descritivas, resultando em maiores chances de possuírem animais com leishmaniose visceral as pessoas que obtinham maior renda (OR= 13,3; 95%IC 2,14 − 421,18), grau de instrução (OR= 30,0; 95%IC 1,28 – 138,85), com presença de laje (OR= 6,0; 95%IC 1,11 – 39,11) e cisterna (OR= 10,0; 95%IC 1,63 – 61,33) no domicílio, residindo próximas a currais (OR=11,79; 95%IC 1,89 – 73,58), que conheciam a leishmaniose (OR= 14,26; 95%IC 1,81 – 112,32) e como preveni-la (OR= 29,25; 95%IC 2,45 – 351,43), que possuíam maior número de cães (OR= 9,6; 95%IC 1,42 – 52,09) e estes com origem na própria residência (OR= 0,074, 95%IC 0,01 – 0,84), enquanto aquelas que descartavam os resíduos sólidos em caçamba pública (OR= 30,0; 95%IC 1,28 – 138,85) tiveram menores chances de possuírem animais infectados com LVA. Este estudo demonstrou que houve disseminação da enfermidade entre os cães na localidade, apesar da ausência do vetor e que as noções sobre leishmaniose ainda são restritas entre os entrevistados, necessitando que ações de prevenção e controle sejam realizadas a fim de evitar a dispersão da enfermidade.