Tripanosomatídeos de insetos e plantasanálise do crescimento, diferenciação e divisão celular, biometria e fenômenos sugestivos de sexualidade; valor taxonômico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Sousa, Maria Auxiliadora de
Orientador(a): Brazil, Reginaldo Peçanha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/22987
Resumo: Neste trabalho, cinqüenta amostras de tripanosomatídeos de insetos e plantas foram analisadas comparativamente por técnicas parasitológicas clássicas, com os seguintes objetivos: conhecer suas características biológicas, morfológicas e biométricas, identificar marcadores de valor diagnóstico, classificálas em grupos com base em suas similaridades, além de rever questões taxonômicas. Todas as amostras foram cultivadas à temperatura de ~27,3oC em meio LIT, ou este com 20% de soro para permitir o estudo das espécies fastidiosas. As análises foram feitas em intervalos de 24 h, entre 48\F02D144 h de cultivo, visando a avaliação quantitativa do crescimento de cada amostra e o preparo de esfregaços corados pelo Giemsa para estudos ao microscópio óptico (1.000\F0B4). Estes incluíam a determinação dos percentuais de cada estágio evolutivo e suas dimensões, das taxas dos tipos de divisão celular, como também a pesquisa de formas ou pares peculiares sugestivos de sexualidade. Com exceção de três amostras, que precisam de análises complementares, as demais puderam ser classificadas em catorze grupos (morfobiodemas), sete dos quais foram identificados com gêneros já propostos, com uma revisão de sua diagnose: Crithidia, Wallaceina, Angomonas, Strigomonas, Herpetomonas (sensu Prowazek), Cercoplasma e Phytomonas. Para melhor definir o complexo padrão de diferenciação celular das amostras com a forma coanomastigota, denominamos procoanomastigotas, paracoanomastigotas e metacoanomastigotas, respectivamente, aqueles estágios com cinetoplasto ante-, para- e posnuclear, e denominamos endocoanomastigotas aquelas formas com o flagelo intracelular curvado. No gênero Angomonas, predominaram as metacoanomastigotas (médias \F03E 55,0%) e, em Wallaceina, as endocoanomastigotas (médias \F03E 50,0%) Já nas espécies de Crithidia, estes dois estágios foram ausentes ou encontrados em taxas médias \F0A3 2,3%, enquanto as pequenas coanomastigotas aflageladas, livres ou aderidas ente si (haptomonas), revelaram-se marcadores auxiliares importantes para a identificação deste gênero. Em Strigomonas, predominaram as paracoanomastigotas, mas as endocoamastigotas e haptomonas aflageladas foram ausentes, enquanto as metacoanomastigotas ocorreram em taxas médias baixas (~5,0%). O gênero Herpetomonas, conforme identificado por quase um século, na realidade contem uma mistura de táxons. Com base em descrições e ilustrações de diversos autores pioneiros, apenas a chamada H. muscarum ingenoplastis foi considerada semelhante à espécie-tipo (H. muscarum), apresentando promastigotas avantajadas, usualmente biflageladas, com cinetoplasto volumoso e peculiar. As demais espécies identificadas como Herpetomonas são muito distintas e sua classificação precisa ser revista. Confirmamos a grande diversidade das amostras identificadas como Leptomonas, classificando-as em sete grupos. Por conta das incertezas sobre a autenticidade da espécie-tipo (L. bütschlii), é difícil afirmar se alguma das amostras estudadas poderia ser classificada como Leptomonas. Entretanto, observamos que duas espécies cistogênicas isoladas de hemípteros fitófagos apresentavam similaridade morfológica com L. jaculum, a primeira espécie encontrada em inseto identificada neste gênero. Somente a singular "L." mirabilis pôde ser associada a um gênero anteriormente proposto (Cercoplasma), no qual já havia sido classificada. Esta espécie, sugerida como referência, apresenta uma complexa combinação de caracteres, destacando-se a ocorrência de formas espiraladas "gigantes" (70\F02D200\F06Dm), as quais são de grande valor diagnóstico As espécies de Phytomonas basicamente apresentam promastigotas e formas espiraladas em percentuais variáveis. Contudo, elas podem ser facilmente distinguidas por, pelo menos, dois caracteres: formas aflageladas alongadas, livres nas culturas e usualmente menores que as flageladas, além de um tipo peculiar de divisão que origina duas células com flagelos de tamanhos muito diferentes, ou uma forma flagelada e outra não. No presente estudo, evidenciamos que a divisão celular também pode originar estágios distintos, além de multiplicar formas altamente diferenciadas. Confirmamos que estágios com cinetoplasto posnuclear ou com flagelo intracelular curvado, além das formas espiraladas, não são exclusivas de apenas um gênero na família Trypanosomatidae. Formas e pares peculiares, previamente descritos como sugestivos de etapas de um processo de sexualidade, também foram observados em Crithidia, Leptomonas e Phytomonas, mas principalmente nas chamadas Herpetomonas, nas quais possíveis eventos de migração e fusão de núcleos foram mais freqüentes. Nossos estudos confirmaram que é possível identificar e classificar tripanosomatídeos por técnicas parasitológicas clássicas, considerando o conjunto de seus caracteres, preferencialmente conhecidos por análises em condições experimentais padronizadas e incluindo amostras de referência