Tripanosomatídeos em morcegos de áreas florestais com diferentes níveis de antropização na Mata Atlântica do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rangel, Diana Azeredo
Orientador(a): Roque, André Luiz Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25598
Resumo: Tripanosomatídeos (família Trypanosomatidae) são organismos unicelulares distribuídos mundialmente infectando invertebrados e vertebrados e incluem parasitos dos gêneros Trypanosoma e Leishmania, de grande importância em saúde pública. Os morcegos estão entre os hospedeiros mais antigos destes parasitos e constituem o único grupo de mamíferos com capacidade de voo. A grande capacidade de mobilidade, a longevidade, o hábito alimentar bastante eclético na maioria das espécies e a adaptação aos diversos ambientes, inclusive os sinantrópicos, fazem destes animais potenciais reservatórios (e dispersores) de espécies de tripanosomatídeos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as taxas de infecção por tripanosomatídeos em morcegos provenientes de áreas com diferentes níveis de preservação na Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Morcegos foram capturados, utilizando redes de neblina, na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), uma área com alto nível de preservação, e na Estação Biológica Fiocruz da Mata Atlântica (EFMA), que possui elevado grau de interferência antrópica. Nos 181 morcegos capturados, foram realizados: (i) exame direto em sangue; (ii) cultura de sangue e fragmentos de pele, baço e fígado; e (iii) diagnóstico molecular frente a infecção por Leishmania sp. utilizando como alvo um fragmento de kDNA destes parasitos Nossos resultados mostraram que a REGUA e a EFMA possuem riqueza de espécies de morcegos similar (15 e 14 espécies, respectivamente). As espécies mais comuns em ambas as áreas foram Carollia perspicillata (n=54 e 29), e Artibeus lituratus (n=18 e 16), além de Sturnira lilium, também abundante na REGUA (n=18). Dos 181 morcegos analisados, 24 (13%) foram positivos no hemocultivo (um deles também no exame a fresco), mas nenhuma cultura de outros tecidos foi positiva. O sequenciamento e análise filogenética utilizando o alvo 18S SSU revelou infecção por T. dionisii em 13 indivíduos (54%), sendo dois destes com infecção mista por T. cruzi. Outros 3 morcegos apresentaram infecção simples por T. cruzi e 4 apresentaram sequências similares a outras de tripanosomas de morcegos neotropicais ainda não identificados. Pela primeira vez detectamos a presença de Crithidia mellificae, um parasito monoxeno, infectando um mamífero, o morcego nectarívoro Anoura caudifer. A taxa de infecção por Leishmania em ambas as áreas foi similar (20% e 15%), sendo a infecção diagnosticada predominantemente em pele (14,4%). A fauna de quirópteros e a diversidade dos tripanosomatídeos a eles associados não diferiram significativamente entre as áreas, reforçando a grande capacidade que esses animais têm de adaptar-se aos ambientes com diferentes níveis de antropização