Pessoas vivendo com Aids no Brasil: desigualdades regionais e entre populações vulneráveis na era pós-terapia antirretroviral tardia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lima, Tatiana Rodrigues de Araujo
Orientador(a): Bastos, Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro, Silva, Cosme Marcelo Furtado Passos da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13156
Resumo: Ao final de 2012, existiam no mundo mais de 35,3 milhões [32,2-38,8] de pessoas vivendo com HIV/AIDS. No Brasil, 686.478 casos de AIDS foram notificados entre 1980 e junho de 2013, dos quais aproximadamente 313.000 seguem em uso de Terapia Antirretroviral de Alta Potência (TARV), disponibilizada por meio das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa 44% do total de 718.000 casos no país. Os avanços no tratamento da infecção, com a introdução da TARV, resultaram em importantes melhorias relativas à sobrevida de PLWHA (do acrônimo em inglês “People Living with HIV/AIDS”), com importante redução da morbimortalidade. O objetivo deste estudo foi avaliar, através de diferentes estratégias metodológicas, a difusão espacial da epidemia de HIV/AIDS no país e o impacto do acesso à TARV na sobrevida após o diagnóstico de AIDS, entre indivíduos inseridos em diferentes categorias de exposição. Consideraram-se os casos diagnosticados de AIDS, em maiores de 18 anos, no período 1998-2011. Foram utilizados dados das seguintes bases: SINAN-AIDS (referente a casos); SISCEL (referente a procedimentos laboratoriais); SICLOM (relativo à dispensação de medicamentos antirretrovirais) e SIM (sistema nacional de mortalidade), que foram integradas através de um processo de relacionamento probabilístico (linkage). Primeiramente, realizou-se a análise da difusão espacial da epidemia no Brasil, no período 1998-2008, através do método bayesiano empírico local. Realizou-se ainda uma análise de sobrevida dos casos de AIDS notificados no período 2000-2011 no município do Rio de Janeiro, cujas categorias de notificação tenham sido: “usuários de drogas injetáveis (PWID no acrônimo em língua inglesa)”, “homens que fazem sexo com homens (HSH)” e “heterossexuais (homens e mulheres)”. A análise espacial permitiu evidenciar que, no decorrer do período analisado (onze anos) a epidemia encontrava-se em expansão apenas nas Regiões Norte e Nordeste, enquanto declinava no restante do país, mais acentuadamente no Sudeste. Portanto, a aparente estabilização da mortalidade por AIDS no Brasil tende a mascarar suas disparidades regionais. Os determinantes sociais da saúde e disparidades de natureza social e regional devem sempre ser considerados no planejamento de programas de saúde e processos de tomada de decisão em políticas públicas. No segundo estudo que compõe a presente tese, apesar de ter-se verificado incremento significativo da sobrevivência após o diagnóstico de AIDS para as categorias de exposição analisadas, devido principalmente ao acesso universal à TARV, as desigualdades entre grupos de exposição persistem. Usuários de drogas injetáveis têm um risco maior de morrer por AIDS, e apenas o acesso à TARV e o nível mais elevado de CD4+ (>500) no início do tratamento se mostraram associados a uma sobrevivência por um período de tempo mais longo para este grupo. Apesar da incidência de AIDS no país permanecer estável na população geral, novos casos têm-se concentrado em HSH. Apesar das desigualdades persistentes, o impacto global da TARV na sobrevivência tem sido dramático.