Mortalidade domiciliar no Município do Rio de Janeiro durante a pandemia de COVID-19 em 2020

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Azevedo, Nathalie Rodrigues Pontes
Orientador(a): Domingues, Rosa Maria Soares Madeira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56657
Resumo: Em 2020, primeiro ano da pandemia de COVID-19, foi observado excesso de mortalidade no Brasil e especificamente na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo deste estudo é caracterizar a distribuição temporal, espacial, demográfica e por causa dos óbitos domiciliares no município do Rio de Janeiro, antes e durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo observacional com três componentes: i) estudo de ecológico, de série temporal, para analisar a taxa de mortalidade segundo local de ocorrência (hospital, outro estabelecimento de saúde, domicílio, via pública, outros) e a taxa de mortalidade domiciliar (TMD) específica segundo causa básica e características demográficas (idade, sexo) e a proporção de óbitos domiciliares por raça/cor e escolaridade, no período 2010-2020, em residentes com quinze anos ou mais no MRJ; ii) estudo seccional para avaliar o número de óbitos por todas as causas em residentes do MRJ com quinze anos ou mais segundo local de ocorrência e sua relação com o número de casos de COVID-19 e a oferta de leitos hospitalares ao longo do ano 2020; e iii) estudo ecológico, utilizando análise espacial para observar a variação espaço-temporal dos óbitos domiciliares de 2010 a 2020 por Região Administrativa (RA). Resultados: A variação percentual da taxa de mortalidade por local de ocorrência de 2019 para 2020 evidenciou aumento de de 22,3% dos óbitos hospitales; 18,1% em outros estabelecimentos de saúde; 25,5% no domicílio; e 112% em via pública. Nos óbitos domiciliares, foi observado aumento de 381% das causas do grupo das Doenças Infecciosas e Parasitárias, 111,7% dos transtornos mentais e 170% das causas mal definidas. Verificou-se aumento da TMD em todas as faixas etárias, exceto dos 15-19 anos, sendo o maior aumento em jovens de 20-29 anos (41%); bem como aumento da proporção em pessoas de raça/cor preta (5,73%) e nos indivíduos com nenhuma escolaridade (11,3%) e com a 1-3 anos de estudo (10,4%). Nos mapas temáticos, a proporção de RA com taxa de mortalidade domiciliar superior a 200 por 100 mil habitantes passou de 18,18% em 2019 para 51,51% em 2020. Na varredura espaço-temporal, foram detectados dois clusters. No primário, 2016-2020, a maior TMD foi na RA Copacabana (298,86 por 100 mil hab). No secundário, detectado pontualmente em 2020, a maior TMD ocorreu em Guaratiba (282,44 por 100 mil hab). Conclusão: Foi observado excesso de mortalidade no primeiro ano da pandemia de COVID- 19. O maior aumento de óbitos em domicílio e em via pública, e a mudança do perfil de mortalidade domiciliar em relação ao período pré-pandêmico, sugere a ocorrência de desassistência em saúde no ano de 2020.